terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um atentado contra o Estado de Direito Democrático.

Raquel Freire, cineasta e cronista da Antena 1 que ocupava um espaço de opinião nesta estação de rádio, disse ter-se sentido pressionada várias vezes por causa do teor de crítica política de algumas das suas crónicas.
Desde as últimas eleições afirmou que "tem sentido um incómodo por parte de algumas pessoas sempre que fala de política e denuncia os ataques feitos à democracia por quem está no poder”, fundamento que serviu para que a RDP colocasse  fim a um programa de opinião que foi palco de duras críticas a Angola e à emissão especial que a RTP fez do programa Prós e Contras, a 16 de Janeiro, a partir de Luanda.
Este é um caso grave na democracia portuguesa, um atentado ao Estado de Direito Democrático, que deveria ser investigado pelo Ministério Público, uma vez que, conjuntamente com as manobras de tomada do poder na RTP pela Ongoing, se insere numa estratégia para destruir a democracia e um dos seus pilares, que é a liberdade de expressão, a liberdade de informar e a de ser informado, actos que violam, de forma clara e frontal, a Constituição da República Portuguesa.
Espera-se que o Procurador-Geral da República, independentemente da investigação da ERC, controlada por pessoal político do governo, avance com uma investigação a este ataque contra o Estado de Direito Democrático.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A boçalidade de um deputado atira com trinta e sete anos de história do PSD para o lixo.

Por hábito nunca me arrependo e assumo com clareza que fui militante do PSD. Mas ontem, ao ouvir Duarte Marques, líder da JSD,  um autêntico energúmeno - sinónimo de boçal - confesso que tive vergonha de ter sido militante do PSD. E creio que, tal como eu, muitos dos que já foram e que ainda são militantes do PSD não se identificam com esta bestialidade. E, se se identificarem, isso apenas signifca que o PSD mudou, e mudou muito, e que a sociedade portuguesa também mudou. O que é pena porque se perdem valores civilizacionais e valores morais.
É em momentos de crise que se devem reforçar os laços de solidariedade e de respeito pelos outros, porque uma sociedade a duas velocidades é uma sociedade sem objectivos e sem futuro.
Duarte Marques, numa intervenção inqualificável, deitou para o lixo trinta e sete anos da história do PSD.
A actual liderança do PSD e algumas figuras de destaque que passam o tempo a citar Sá Carneiro, deveriam ter exigido ao boçal deputado que se demitisse. Porque Sá Carneiro, se fosse vivo, correria com ele a pontapé da Assembleia da República.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A face negra do comentário político

A SIC estreou um programa com alguns "reformados" da política, temperados por um dos potenciais candidatos a Presidente da República ou a Primeiro-Ministro. O programa deve ter uma das mais baixas audiências, uma vez que, com excepção de António Vitorino, nenhum deles tem nada  para dizer aos portugueses. Não têm uma visão de futuro, não pensam filosóficamente o País e estou convencido que nem conhecem os portugueses.
Após este programa, triste, com uma jornalista em "pânico" para extrair alguma coisa aos convidados, ressaltou a insensibilidade de Manuela Ferreira Leite quanto aos doentes idosos e carenciados, coisa que não me espantou.
O que me espanta é esta gente - e só podem ser tratados assim - ainda terem tempo de antena para dizer um conjunto de banalidades e de barbaridades. A mudança política passa, inevitavelmente, por correr com gente destas do comentário político, porque nada tem a dizer aos portugueses e porque não representam nada.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Grupo Jerónimo Martins e o rigor moralista

O Grupo Jerónimo Martins, através de Alexandre Soares dos Santos, tem assumido, nos últimos anos, um rigor moralista e uma posição profundamente crítica da classe política portuguesa – possivelmente com razão, porque alguns políticos colocam-se a jeito para serem criticados pela sua inépcia e falta de transparência.
No âmbito de uma operação de “marketing”, e de projecção do Grupo, foi criada a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que teria como missão estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa. Com liberdade e independência. Tudo em nome dos superiores interesses do País.
Para dirigir a Fundação foi escolhido um homem de rigor, independente e com um prestígio acima de toda a prova, António Barreto, cujo silêncio, desde ontem, se tornou ensurdecedor.
Agora, face aos erros que derivam da política ultra-liberal deste governo, mesmo tendo em consideração as imposições da “troika”, o Grupo Jerónimo Martins mudou a sua sede fiscal para a Holanda.
Até aqui tudo normal, porque a “culpa” é do governo que está a empurrar as empresas e os portugueses para emigrar.
O grave vem depois, ou seja, a falta de coragem de Alexandre Soares dos Santos para assumir que o objectivo desta transferência deriva do investimento a efectuar na Colômbia e que, face à ausência de um acordo entre Portugal e aquele País, e para evitar a dupla tributação, optou por transferir a sede do Grupo para a Holanda. Para quem é paladino da moral, estamos conversados, ou seja, Soares dos Santos escusa de vir, com a sua tradicional arrogância, criticar tudo e todos, porque perdeu a “virgindade moral”.
No meio de tudo isto estranho o silêncio de António Barreto, que já deveria ter tomado uma posição, concordando com esta opção, com frontalidade, ou discordando e renunciando ao cargo que exerce na Fundação.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A criminalidade violenta e a demora dos governos e das autoridades policiais e de investigação criminal em realizar o combate.

Desde há vários anos que tenho escrito que o verdadeiro problema da criminalidade em Portugal  não está nos crimes de colarinho branco, mas na criminalidade violenta, nos gangues, na violência urbana e suburbana e no tráfico de droga, pois, como explicava um ex-alto dirigente da PJ, os crimes de colarinho branco podem ser combatidos a montante, com uma sociedade organizada e transparente e a criminalidade violenta não tem controlo.
O Ministério Público optou, sempre, por dar relevância aos crimes de colarinho branco, por serem mais mediáticos, em detrimento do que era mais grave para a sociedade portuguesa.
Agora, com o crescendo, inevitável, da criminalidade violenta, que seria previsível para qualquer observador minimamente atento, num quadro de elevada crise económica e social, o Governo e as autoridades policiais anunciam medidas para o combate ao crime violento.
Estas medidas já deveriam ter sido implementadas há muito tempo - e a responsabilidade é de todos os governos e das autoridades policiais e crimianais - mas não o foram porque, repito, não eram mediáticas e não davam protagonismo.
Face ao aumento e ao mediatismo dos actos criminosos, a classe política e as autoridades policiais perceberam que este combate poderia trazer dividendos políticos e avançam, tarde e a más horas, para ele.
Mais vale tarde do que nunca, mas para isso é fundamental que se altere a política criminal e que se defina como prioridade esse combate. Sem medo e com frontalidade. Porque a criminalidade violenta vai aumentar com a implosão social que se avizinha.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Emigre e leve consigo o Relvas.

Pedro Passos Coelho tem como solução para a nossa crise, ou como um dos vectores da reforma estrutural do País, o incentivo à emigração dos quadros portugueses.
Certamente que esta medida, uma das que já estava amplamente estudada antes das eleições, surgiu numa das reuniões dos cérebros do PSD e do governo, ao estilo dos conciliábulos da JSD, que é a única referência ideológica de Passos Coelho e de Miguel Relvas, ou seja, um vazio total.
Já agora, e como Passos Coelho é um gestor e um economista de reconhecidos méritos - aqui e lá fora - certamente que se emigrasse faria uma favor a Portugal, apesar de ser mau para quem o recebesse.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas neste tempo o que muda é a plasticidade de uma certa comunicação social, ajoelhada ao poder e com o "olho" na RTP.

Passos Coelho, na Cimeira Ibero-Americana, promoveu, junto do Presidente do México, o famoso computador "Magalhães". E dessa promoção resultou um bom negócio para a Sá Couto e para as exportações portuguesas. Curiosamente não li, nem ouvi, qualquer crítica a esta intervenção, correcta, e similar à que outros governantes fizeram no passado e que mereceram fortes críticas, desde lhes chamarem caixeiros-viajantes a outras coisas, nomeadamente que estavam a beneficiar a empresa criadora do computador. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas neste tempo o que muda é a plasticidade de uma certa comunicação social, ajoelhada ao poder e com o "olho" na RTP.