O Grupo Jerónimo Martins, através de Alexandre Soares dos Santos, tem assumido, nos últimos anos, um rigor moralista e uma posição profundamente crítica
da classe política portuguesa – possivelmente com razão, porque alguns
políticos colocam-se a jeito para serem criticados pela sua inépcia e falta de
transparência.
No âmbito de uma operação de “marketing”, e de projecção do
Grupo, foi criada a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que teria como missão
estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa. Com liberdade e
independência. Tudo em nome dos superiores interesses do País.
Para dirigir a Fundação foi escolhido um homem de rigor, independente
e com um prestígio acima de toda a prova, António Barreto, cujo silêncio, desde
ontem, se tornou ensurdecedor.
Agora, face aos erros que derivam da política ultra-liberal deste
governo, mesmo tendo em consideração as imposições da “troika”, o Grupo
Jerónimo Martins mudou a sua sede fiscal para a Holanda.
Até aqui tudo normal, porque a “culpa” é do governo que
está a empurrar as empresas e os portugueses para emigrar.
O grave vem depois, ou seja, a falta de coragem de Alexandre
Soares dos Santos para assumir que o objectivo desta transferência deriva do
investimento a efectuar na Colômbia e que, face à ausência de um acordo entre
Portugal e aquele País, e para evitar a dupla tributação, optou por transferir
a sede do Grupo para a Holanda. Para quem é paladino da moral, estamos
conversados, ou seja, Soares dos Santos escusa de vir, com a sua tradicional
arrogância, criticar tudo e todos, porque perdeu a “virgindade moral”.
No meio de tudo isto estranho o silêncio de António Barreto,
que já deveria ter tomado uma posição, concordando com esta opção, com
frontalidade, ou discordando e renunciando ao cargo que exerce na Fundação.