terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Grupo Jerónimo Martins e o rigor moralista

O Grupo Jerónimo Martins, através de Alexandre Soares dos Santos, tem assumido, nos últimos anos, um rigor moralista e uma posição profundamente crítica da classe política portuguesa – possivelmente com razão, porque alguns políticos colocam-se a jeito para serem criticados pela sua inépcia e falta de transparência.
No âmbito de uma operação de “marketing”, e de projecção do Grupo, foi criada a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que teria como missão estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa. Com liberdade e independência. Tudo em nome dos superiores interesses do País.
Para dirigir a Fundação foi escolhido um homem de rigor, independente e com um prestígio acima de toda a prova, António Barreto, cujo silêncio, desde ontem, se tornou ensurdecedor.
Agora, face aos erros que derivam da política ultra-liberal deste governo, mesmo tendo em consideração as imposições da “troika”, o Grupo Jerónimo Martins mudou a sua sede fiscal para a Holanda.
Até aqui tudo normal, porque a “culpa” é do governo que está a empurrar as empresas e os portugueses para emigrar.
O grave vem depois, ou seja, a falta de coragem de Alexandre Soares dos Santos para assumir que o objectivo desta transferência deriva do investimento a efectuar na Colômbia e que, face à ausência de um acordo entre Portugal e aquele País, e para evitar a dupla tributação, optou por transferir a sede do Grupo para a Holanda. Para quem é paladino da moral, estamos conversados, ou seja, Soares dos Santos escusa de vir, com a sua tradicional arrogância, criticar tudo e todos, porque perdeu a “virgindade moral”.
No meio de tudo isto estranho o silêncio de António Barreto, que já deveria ter tomado uma posição, concordando com esta opção, com frontalidade, ou discordando e renunciando ao cargo que exerce na Fundação.