domingo, 28 de novembro de 2010

Os oportunistas e os espertalhões

Pedro Passo Coelho avisou, ontem, em Coimbra, que “os espertalhões que sabem colocar-se, na hora certa”, ao lado de quem “vai ganhar” que “não terão guarida, nem complacência” por parte do partido que lidera.
É uma posição interessante e que se aguarda que seja cumprida, e seguida, até às últimas consequências.
Por isso, cada vez mais, devemos ter uma posição crítica quanto ao posicionamento do PSD no actual contexto, porque é dessa posição crítica que pode nascer uma perspectiva realista de uma eventual alternativa.
Aqueles que já se vêm "ministros", que já escolheram as suas equipas, desde os motoristas às secretárias, são idênticos aos oportunistas que se querem afirmar como "ministeriáveis" e que dizem e fazem tudo para que olhem para eles.

Para que não digam que não avisei!

Em Maio deste ano escrevi:

"Ontem avisei que a crise social na Grécia se poderia tornar violenta e contagiar os outros países da Europa.
Os factos vieram confirmar os meus receios, mas, apesar disso, os governos europeus continuam reféns da sua incapacidade e dos resultados eleitorias.
Preferem arrastar a Europa para um clima de violência, de guerrilha urbana, do que perder eleições. São os políticos que temos e, possívelmente, os que merecemos.
O custo desta inércia, deste pacto com os grandes interesses financeiros vai sair muito caro aos europeus. Porque poderá vir a ser pago com o sangue
"

Agora, algumas pessoas vêm dizer que, afinal, a coisa está má e que pode acabar em agitação social. Que pena não terem visto isso mais cedo.

sábado, 27 de novembro de 2010

As eleições para a Ordem dos Advogados e a legitimidade do Bastonário

Marinho Pinto venceu, sem margem para dúvidas, as eleições para Bastonário da Ordem dos Advogados, derrotando, por larga margem, o candidato da SIC Notícias e alter ego de Rogério Alves, Luís Filipe Carvalho, enquanto Fragoso Marques, um candidato que não sai dos grandes escritórios de advocacia - representando uma parte das bases e da advocacia independente e não subsidiada pelo Estado - ficou em segundo lugar, perfilando-se como o sucessor de Marinho Pinto para as próximas eleições.
A vitória de Marinho Pinto - e esclareço que votei em branco - acaba, de vez, com as críticas que lhe fizeram nos últimos tempos.
Quer se goste ou não do estilo, os advogados escolheram-no e reconhecem que Marinho Pinto corresponde ao homem certo para o momento que se atravessa na advocacia.
Independetemente das violentas críticas que o Bastonário faz à Magistratura e ao Ministério Público - com as quais não estou, na maior parte das vezes de acordo - Marinho Pinto corresponde aos interesses da grande maioria dos advogados, que vivem do seu trabalho, que não têm contratos estranhos e chorudos com o Estado e que lutam com dificuldades para ter uma vida minimamente digna.
Talvez por isso, os dois candidatos mais votados tenham saído das "bases" e não de grupos "económicos" estabelecidos na advocacia.
Agora, durante três anos, o Bastonário tem o dever de repensar a Ordem dos Advogados, num tempo conturbado e economicamente difícil e dizer qual o papel que os advogados devem ter na sociedade.
Outra das questões que Marinho Pinto deve resolver passa pelo acesso à profissão, no quadro de Bolonha e a consequente alteração do Estatuto da Ordem.
Por último, Marinho Pinto deveria repensar a formação e mandar efectuar uma rigorosa auditoria aos últimos quinze anos da acção da Ordem nesta área.
É por aqui que se vê, efectivamente, a coragem dos homens e é este o desafio que deixo a Marinho Pinto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

As sondagens, a maioria de um só partido e os acéfalos.

A sondagem que dá previsível maioria ao PSD deve ser analisada numa perspectiva dinâmica, ou seja, nada é seguro e tudo tem de ser feito para justificar essa opção dos portugueses. Mas também deve ser analisada como um ensinamento aos analistas políticos, aos jornalistas, aos comentadores, ou seja, a todos quantos, durante anos a fio, andaram a dizer que o melhor para o País seria a não existência de maiorias absolutas no Parlamento.
Esses "imbecis" - só podem ser tratados assim -, além de incompetentes e acéfalos, colocam os seus interesses pessoais ao serviço de quem lhes paga, a cada momento, em detrimento dos interesses do País.
Portugal só pode ser governado à direita ou à esquerda, mas com uma maioria de um só partido na Assembleia da República. O resto é conversa de uns pseudo-analistas que já estão conservados em tanatopraxia. Na verdade estão "mortos" e ainda não perceberam.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O repórter de imagem, os anúncios nos jornais e o conceito de lenocínio

Uma revista semanal dedica algumas páginas a uma "história" de lenocínio, em que é suspeito um repórter de imagem que, ironia do destino, costumava trabalhar com um conhecido jornalista do "crime".
A "história" em si não é relevante a não ser que, a revista em causa, é propriedade de um grupo empresarial que - tal como o referido repórter de imagem - vive e alimenta-se do anúncio de "acompanhantes", para ser benévolo, porque na verdade os anúncios constituem um portfolio de prostituição.
Qual a diferença entre um - o operador de imagem - e o jornal que publica os tais anúncios? Se formos honestos não há qualquer diferença.

domingo, 21 de novembro de 2010

Acabou a Cimeira

Acabou a Cimeira, o trânsito volta ao normal e a crise económica mantém-se. Os jornais vão dar notícias dos acordos/desacordos entre o PS e o PSD e até Otelo Saraiva de Carvalho, um dos mentores da organização terrorista FP 25 de Abril, vem apresentar soluções para o País. Quase que me apetece pedir para que a Cimeira seja um acontecimento "no stop".

sábado, 20 de novembro de 2010

O "exemplo" da Irlanda e o fiasco Paulo Portas.

Durante anos sucessivos, Paulo Portas atirava à cara de todos com o exemplo da Irlanda para, comparativamente com Portugal, provar que se poderia desenvolver um País, aliando crescimento económico, solidez das contas públicas e uma boa prestação social.
Agora, que o "mito" da Irlanda estoirou, Paulo Portas calou-se que nem um "rato" e não diz nada, ou seja, é incapaz de vir dizer que o exemplo dele é um fiasco. Porque isso seria reconhecer que ele próprio é um fiasco, como político.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A NATO e um novo paradigma de defesa.

Num tempo em que o domínio dos países deixou o campo militar para passar a decidir-se no campo económico, a cimeira da NATO que vai decorrer em Lisboa ainda se perspectiva na vertente da defesa militar.
Num tempo em que se fala da integração da Rússia e em que o "potencial" inimigo é o islamismo extremista, como conciliar estas duas vertentes da "nossa aldeia global"?
Num tempo em que a crise financeira - com consequências no emprego e na estabilidade social - pode causar conflitos locais, que se podem generalizar, qual o papel da NATO?
Possivelmente a cimeira não dará resposta a qualquer destas questões, mas a realidade é que não se pode continuar, eternamente, a varrê-las para debaixo do tapete.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Esticar a corda por vezes pode dar mau resultado e é nestes momentos que se vê a diferença entre um Estadista e um politíco de vão de escada

A Senhora Merkel tem vindo, por causas internas - desde a incapacidade de integração da Alemanha de Leste, que foi um falhanço, até à incompreensível arrogância quando rebentou a crise financeira, passando pela provocação da quase implosão da Grécia - a cometer erros sobre erros, disfarçados de uma pseudo postura de Estadista, que não possui, por muito que alguns dos seus admiradores se esforcem por lhe atribuir.
Na verdade, a Alemanha, da Senhora Merkel, tem uma visão distorcida da Europa Comunitária e quer, porque pensa sobreviver se isso acontecer, acabar com a Europa e virar-se para o Leste.
Este é um erro fatal, para a Alemanha e para a Europa, nomeadamente se Sarkozy, na perspectiva de perder as eleições, alinhar com esta política.
A libertação de pulsões xenófobas, como forma de reforçar a coesão interna, é redutora e contém um elevado grau de improbalidade vencedora, num mundo em que as interdependências são de tal forma fortes, que só uma solução radical - um conflito armado à escala mundial - poderia alterar.
Talvez por isso, agora, a Senhora Merkel, percebendo - espera-se que não seja tarde - que a implosão da Irlanda, da Espanha, de Portugal, da Grécia e da Itália iria estoirar com o sistema financeiro alemão, vem tentar remediar as coisas, dizendo que a Zona Euro não está em perigo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ainda bem que Marques Mendes chegou à conclusão a que eu tinha chegado há vários meses.

Eu não gosto de me repetir, mas há vários meses que alertei para a potencial implosão social no nosso País, em consequência do agravamento da crise económica e do desemprego, que nos pode arrastar para uma situação idêntica à da Grécia, caso não sejam tomadas medidas estruturantes das finanças públicas e de incentivo à criação de riqueza. Ainda bem que Marques Mendes vem defender o mesmo e que alertou para o “risco sério de implosão social”.
Pode ser que, se a minha voz não chegar, a de Marques Mendes contribua para que os políticos portugueses pensem, de uma vez por todas, nos portugueses. Porque, em última análise, serão eles os primeiros a sofrer as consequências, embora o possam fazer de barriga cheia.

sábado, 6 de novembro de 2010

A crise inevitável e devidamente anunciada.

Paula Teixeira da Cruz, por quem tenho uma enorme amizade, anuncia no semanário SOL que o PSD irá fazer tudo para derrubar o Governo a seguir às presidenciais.
Por um lado é uma posição clarificadora, por outro lado pode causar danos irreversíveis quanto à credibilidade do Estado, com o consequente agravamento dos juros da dívida soberana - apesar de eu estar convencido que isso é outra história - por último pode aglutinar o PS em torno de uma solução alternativa a José Sócrates, que até seja compatível com um governo de esquerda.
Porque o que esta situação a que chegamos nos ensinou é que Portugal apenas pode ser governado com uma maioria de direita ou com uma maioria de esquerda. As soluções intermédias são, sempre, geradoras de estados de governação cinzentos e a política tem e deve ser colorida, ou seja, deve ter princípios verdadeiramente definidos e não se ficar pelo meio-termo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O descrédito da classe política, a boa e a má moeda.

Cavaco Silva, depois de cinco anos de mandato, ao longo dos quais a qualidade da democracia se degradou e a qualidade dos políticos baixou a um nível assustador, veio manifestar a sua preocupação quanto à degradação da vida pública.
Já o tinha feito, antes de ser Presidente, quanto Pedro Santana Lopes foi primeiro-ministro, com o artigo da boa e da má moeda e a recusa em partilhar os cartazes da candidatura do PSD, cuja derrota abriu caminho à maioria absoluta de José Sócrates e volta, agora, ao tema.
Compreendo e partilho das preocupações do Presidente da República, mas lamento que só agora é que as tenha partilhado com os portugueses e que não tenha tirado as ilações devidas, mesmo sendo um institucionalista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quem mentiu?

A carta que Ana Paula Vitorino enviou aos seus camaradas deputados é verdadeiramente explosiva.
Das três uma, ou a deputada está a mentir, ou o Diário de Notícias mentiu, ou o ministério público mente e deturpa a acusação.
Qualquer que seja a resposta é grave para um Estado que se diz de Direito, em que existe liberdade, em que as garantias dos cidadãos se encontram asseguradas e a liberdade de informar e de ser informado tem por objectivo o interesse público e não qualquer interesse obscuro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem vai ficar entalado?

Marcelo Rebelo de Sousa disse, ontem, que Eduardo Catroga tinha "entalado" o PS e o Governo. Vou esperar para ver quem é que vai sair desta história "entalado"!