terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A criminalidade violenta e a demora dos governos e das autoridades policiais e de investigação criminal em realizar o combate.

Desde há vários anos que tenho escrito que o verdadeiro problema da criminalidade em Portugal  não está nos crimes de colarinho branco, mas na criminalidade violenta, nos gangues, na violência urbana e suburbana e no tráfico de droga, pois, como explicava um ex-alto dirigente da PJ, os crimes de colarinho branco podem ser combatidos a montante, com uma sociedade organizada e transparente e a criminalidade violenta não tem controlo.
O Ministério Público optou, sempre, por dar relevância aos crimes de colarinho branco, por serem mais mediáticos, em detrimento do que era mais grave para a sociedade portuguesa.
Agora, com o crescendo, inevitável, da criminalidade violenta, que seria previsível para qualquer observador minimamente atento, num quadro de elevada crise económica e social, o Governo e as autoridades policiais anunciam medidas para o combate ao crime violento.
Estas medidas já deveriam ter sido implementadas há muito tempo - e a responsabilidade é de todos os governos e das autoridades policiais e crimianais - mas não o foram porque, repito, não eram mediáticas e não davam protagonismo.
Face ao aumento e ao mediatismo dos actos criminosos, a classe política e as autoridades policiais perceberam que este combate poderia trazer dividendos políticos e avançam, tarde e a más horas, para ele.
Mais vale tarde do que nunca, mas para isso é fundamental que se altere a política criminal e que se defina como prioridade esse combate. Sem medo e com frontalidade. Porque a criminalidade violenta vai aumentar com a implosão social que se avizinha.