domingo, 28 de fevereiro de 2010

Repensar o presidencialismo.

No dia 10 de Março de 2009 escrevi, neste espaço, que talvez fosse tempo de mudar o sistema e pensar na possibilidade de uma evolução para um modelo presidencialista.
Possibilidade esta defendida, igualmente, por Medina Carreira, que tem uma lucidez crítica da negritude do nosso futuro colectivo.
Mereci a crítica dos escribas do costume, dos "reaccionários analistas políticos do costume", que se alimentam deste estado de coisas há trinta e tal anos, que repetem as mesmas coisas há trinta e tal anos e que não possuem capacidade para entender a sociedade e a evolução do mundo.
Hoje, VPV, na sua habitual coluna do Público, retoma o tema, face à clara falência do sistema político-partidário nascido com o 25 de Abril que, apesar de não ter meio século, já se encontra em estado comatoso.
Mudar o regime, alterar a CRP, recriar o sistema político, transformar este semi-presidencialismo bicéfalo num regime presidencial, com um Presidente eleito para um único mandato de sete anos, poderia ser a ruptura necessária para mudar o nosso País.
O pior é que esta alteração, em democracia, tem de passar pelos detentores do poder político, pelos directórios partidários, e eles não querem perder o poder, mesmo que o País se afunde.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Degradação, confiança e eleições antecipadas

O jornal “I” coloca a questão sobre a confiança em José Sócrates a cinquenta “personalidades”. Vale a pena ler as respostas. E depois retirar as suas consequências. Portugal não pode continuar entregue aos interesses de Cavaco Silva em não haver eleições antecipadas, nem a um receio de agravamento da crise financeira se ocorrerem essas eleições . O apodrecimento das instituições é bem mais danoso. E a degradação da política e das instituições contribui para a degradação social e da economia. Está tudo ligado. Ou será que os nossos políticos, porque não têm dimensão de Estado, são incompetentes, genericamente, e só pensam nos seus interesses mesquinhos, não entendem esta realidade?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um fim de ciclo verdadeiramente patético e que pode afundar o PSD.

Manuela Ferreira Leite continua a sua política de caos em que pretende ver o PSD mergulhado, revelando o seu carácter, a sua total falta de sentido de Estado, de sensibilidade política, mas fundamentalmente a “cólera” por ter perdido as eleições e por não ter conseguido ser primeira-ministra.
A que acresce o facto de perceber que não a querem no partido, e que estão desejosos que ela se vá embora. E que não volte.
Infelizmente, as suas intervenções, no Parlamento e em encontros públicos, têm sido danosas para o PSD e para a futura direcção.
O almoço desta semana, em que fez considerações lamentáveis, mesmo para um líder virtual da oposição, foi confrangedor, patético e envergonha qualquer militante social-democrata que tenha o mínimo de racionalidade para analisar as coisas e que não se coloque na posição do adepto de futebol.
Desde a assistência, que dava uma imagem de enfado completo, à intervenção, foi penoso ver a líder virtual do PSD, com uma “fácies” de pessoa perdida e vingativa, lançar o ataque que fez, por mero acto de retaliação, esquecendo o tempo em foi ministra das finanças e a criação do “monstro” que começou em governos em que Manuela Ferreira Leite participou.
O PSD precisa, urgentemente, de se livrar daqueles que foram governo, que cometeram erros calamitosos e que, agora, aparecem como “virgens sem mácula”.
O PSD precisa de assumir os seus erros de governação, apresentar novas propostas para o País e dizer aos portugueses que cortou com o passado.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um País medíocre, de gente medíocre.

Hoje, enquanto esperava o metropolitano, no regresso ao escritório, reparei que uma ex-prestigiada escola de ensino de línguas utilizava a figura de Zézé Camarinha para promover o ensino da língua inglesa.
Que exemplo mais claro da mediocridade do País em que vivemos, que é o nosso, da mediocridade das nossas gentes e da imbecilidade dos responsáveis por essa escola. Por vezes, tenho vergonha de viver neste País. Este é um desses momentos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vamos lá debater o Congresso Extraordinário

O PSD caminha para uma situação de ruptura, que não é a de Paulo Rangel, mas a do próprio partido.
O perigo que resulta de um Congresso Extraordinário, antes de umas eleições directas para a escolha do futuro presidente, pode levar a uma deriva de consequências irreversíveis.
Das duas uma, ou se alterava a forma de eleição e se voltava ao sistema de eleição em Congresso, ou não tem lógica fazer um Congresso para debater o futuro do partido, a que se seguem umas eleições directas, que também irão discutir o futuro, uma vez que a opção que os militantes tomarem vai marcar, igualmente, o futuro.
E, o Congresso Extraordinário não pode vincular qualquer dos candidatos a uma estratégia ou a opções ali sufragadas pela maior ou menor intensidade e duração dos aplausos.
A não ser que o objectivo do Congresso seja esse mesmo, o de impulsionar uma candidatura contra outras, para que se mantenha tudo na mesma.
A verdade é que não podemos falar de mudança, ruptura ou mesmo unidade, com as mesmas pessoas que dominam o aparelho do partido a liderar estas opções.
Não pode haver ruptura quando o “criador” do conceito foi um dos principais responsáveis estratégicos do PSD nas eleições legislativas. Com o resultado que se viu, ou seja, sem capacidade de derrotar um Partido Socialista já retalhado por uma série de escândalos e com o País a atravessar sérias dificuldades financeiras.
Não se pode falar em unidade, quando o “criador” do conceito partilhou a exclusão e o saneamento das listas de deputados de militantes que não se vergavam à liderança de Manuela Ferreira Leite. Sem nunca ter erguido a sua voz e sem se demarcar destas exclusões.
Não pode haver mudança se o “criador” do conceito não mudar, mesmo, a direcção política do PSD, se não mudar os dirigentes que mantiveram o partido num limbo de ideias e num vazio de estratégia.
O PSD precisa de mudar de estratégia, mas só terá credibilidade para o fazer se não oferecer aos portugueses os mesmos que ao longo dos últimos trinta anos anquilosaram o partido, não tendo uma ideia para o País, antes se limitando a dizer que geriam melhor a crise do que os socialistas. É pouco, não é motivador e, fundamentalmente, não recoloca a esperança dos portugueses no PSD, como partido de governo e de mudança.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Conselho de Estado

Nada se soube do que aconteceu no Conselho de Estado. Por um lado ainda bem, mas seria bom que os portugueses percebessem qual o verdadeiro motivo que levou o Presidente a convocar o Conselho.
Porque, se não se souber, fica, para a história, a saudação de de Alberto João Jardim ao desejar a todos um bom "carnaval".

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eleições legislativas a caminho?

Tudo aponta para que, em breve, tenhamos eleições legislativas antecipadas. O primeiro-ministro quer a queda do governo, por dois motivos: está a perder a capacidade de gerir a crise política, por um lado e, por outro, espera que os eleitores lhe devolvam a maioria, uma vez que se revela impossível governar em minoria e num quadro parlamentar fragmentado.
Neste cenário, é fundamental perceber qual a real capacidade de o PSD ser alternativa de governo e quais as intenções de Cavaco Silva. Se o Presidente da República quer, mesmo, recandidatar-se irá tentar impedir a dissolução da Assembleia da República, desgastando, ao máximo, o governo. Se não pretender recandidatar-se e admitir que os eleitores irão dar uma oportunidade ao PSD para governar com estabilidade, não hesitará um segundo em dissolver a Assembleia da República.
Pelo meio, os portugueses, verão agravar-se a crise económica e social, crescer o desemprego e falir mais algumas empresas.