segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Navegar à bolina

O Presidente da República promulgou o diploma da Assembleia da República que altera a data de entrada em vigor do Código dos Regimes Contributivos da Segurança Social para Janeiro de 2011.
Até aqui tudo bem, mas a verdade é que também promulgou o diploma em causa, apesar de sobre o mesmo ter feito algumas considerações menos abonatórias, mas nem por isso deixou de o fazer.
Se não o tivesse promulgado, tendo em consideração o tempo e o momento da aprovação do Código Contributivo, e ainda para mais por ter sido apenas aprovado com os votos do partido que suportava o governo, ter-se-ia evitado esta situação.
Ficamos com a sensação que Belém se transformou num cata-vento, e que o "homem do leme" perdeu o norte e apenas orienta a nave à bolina.

sábado, 26 de dezembro de 2009

O assalto a Belém.

João Pereira Coutinho entrou na idade da descoberta e da razão, reconhecendo que a estratégia de Sócrates passa por derrubar Cavaco Silva.
Neste particular, e não é por vir de encontro ao que eu tenho escrito, é bem mais clarividente do que Vasco Pulido Valente.
José Sócrates quer ganhar as presidenciais e tudo fará para alcançar este objectivo, mesmo que pelo meio leve o país para uma situação muito complicada.
E o PSD, com uma estratégia errada e feita de trapalhadas atrás de trapalhadas, colada aos desígnios de Cavaco Silva e ao “fidalgos falidos do cavaquismo” pode oferecer-lhe este objectivo sem grande esforço.
Após a aprovação do Orçamento do Estado para 2010, contrariado por mais ou menos coligações da esquerda à direita, o primeiro-ministro irá preparar o assalto a Belém. Mesmo que tenha de engolir alguns sapos. Porque uma coisa é certa, entre um presidente de direita e um candidato da esquerda, o PCP e o BE não irão hesitar.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Uma grande vitória de Obama.

Obama conseguiu a sua primeira grande vitória com a reformulação do sistema de saúde norte-americano.
Um dos países mais ricos do Mundo excluía do sistema de protecção na saúde quem não tivesse seguro de saúde. Este era do drama de milhões de desempregados. Mais do que perder o emprego, perdiam a protecção na saúde.
Obama pode gorar as expectativas que os norte-americanos e muitos europeus, da direita à esquerda moderada, depositaram nele, mas uma coisa é certa, se a assistência na saúde a milhões de excluídos for em frente, já ganhou o seu lugar na história.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A entrevista errada

Vital Moreira foi um extraordinário deputado, um reputado constitucionalista - apesar de eu acreditar que o elemento mais forte do duo Vital Moreira/Gomes Canotilho fosse este último - e transformou-se, como era mais do que evidente, num mau candidato a deputado europeu.
Agora vem dar uma entrevista ao SOL que é, no minímo, preocupante para os socialistas, mesmo que se tenha prestado a fazer um frete: em primeiro lugar defende a demissão do governo no caso de chumbo do orçamento, situação lógica, na verdade, e atira-se como "gato a bofe" a Manuel Alegre, que pode ser a única esperança da esquerda para derrotar Cavaco Silva. Num tempo em que para o governo seria importante manter o Presidente da República sob pressão, Vital Moreira alivia essa pressão.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Uma entrevista clarificadora

Pedro Santana Lopes, na entrevista ao DN, disse que o PSD: "Está com a liderança indefinida, tem um governo quase em gestão, que o é o da dr.ª Manuela Ferreira Leite. Tem uma série de outros grupos políticos, que ainda não derrubaram a actual liderança mas preparam-se para o momento em que caia… A questão é que se o PSD quer mudar o País deve começar por se mudar a si próprio. Actualmente é uma federação de grupos que se detestam".
Que grande novidade, equivalente à descoberta da roda. Sem esta descoberta, ou sem que a mesma fosse proclamada pelo ex-líder, os militantes ainda não se tinham apercebido desta realidade.
E que estranho, só agora, depois de um concubinato espúrio com Manuela Ferreira Leite e com uma liderança que estava a arrastar o PSD para a derrota mesmo perante um Partido Socialista fragilizado e um primeiro-ministro encostado às cordas, é que Santana Lopes chega a esta conclusão.
Compreende-se que era essencial o apoio da liderança para a candidatura de PSL à Câmara de Lisboa. Compreende-se que a má moeda teria de dar alguma coisa à boa moeda, como troca. E compreende-se o apelo a um Congresso Extraordinário, para tentar impedir a ruptura necessária no PSD e o afastamento de todos os responsáveis pelo estado a que o partido chegou e que se encontram agarrados ao poder - exercendo-o de uma forma aberrante e violadora de todas as regras democráticas.
Mas a grande questão que impele Santana Lopes para este combate, não se importando de dar e receber o apoio dos cavaquistas, é a forte possibilidade de Passos Coelho ganhar o partido.
É esta a verdadeira motivação de Santana Lopes, não suportar a ideia de Passos Coelho sair vencedor das directas e, eventualmente, ganhar as eleições a José Sócrates.
Na verdade, como o próprio reconhece, o PSD é uma federação de grupos que se detestam e ele detesta Passos Coelho.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Evitar os erros do passado.

Sempre que oiço João Salgueiro e Hernâni Lopes sinto que o País poderia ter sido diferente, e bem melhor, se a Nova Esperança e os caciques tradicionais do PSD não tivessem levado Cavaco Silva à vitória no Congresso da Figueira da Foz.

Infelizmente não se pode corrigir o passado, mas podemos evitar repetir os erros do passado.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A carta que nunca escreveria

Cara Companheira,
O nosso ADN, que nos marca, indelevelmente, como um ferrete, e as nossas opções, ao longo da vida, vão determinando um afunilar do nosso caminho até ao momento da nossa morte, síntese final da vida na terra. (...)
Bajulada por muitos, detestada por outros, o certo é que colhe a unanimidade como o denominador comum que contribuiu para que o PSD chegasse sem crédito e sem honra ao ponto a que chegou. E isto, não tem a ver com ética, nem com outras coisas, porque, contrariamente ao que diz Paulo Rangel, eu prefiro Sá Carneiro, Marques Mendes e Pacheco Pereira, que defendem que a ética não tem a ver com a justiça, mas com os princípios e com a política.
É por isso urgente alertá-la, com esta carta, que noutras circunstâncias nunca lhe escreveria, porque, ainda antes de ir embora pode, num acto de coragem política, acabar com a vilanagem que a rodeia de forma insidiosa e a que urge pôr cobro, antes que o partido acabe.
É que o Partido e o País não aguentam mais o mal-estar que se vive no PSD, um clima de terror e de asfixia democrática, que nem os tristes casos que minam a credibilidade do primeiro-ministro e das instituições, consegue disfarçar.
É o desnorte do País, com um governo que nos desgoverna, (...), é a ineficácia da oposição tolhida por gente menos preparada, ou de má índole, que sempre rodeia, subrepticiamente, os líderes da oposição. É o descalabro da situação económica e social do País que resultou inevitável com tal Governo e Oposição, de mãos dadas com um PR que se arrisca a não ser reeleito. (...)
É por isso que hoje, não podendo mais ocultar a minha indignação de cidadão e de militante do PSD, escrevo esta carta que nunca escreveria em outras circunstâncias.
Não consigo continuar a ouvir, nos transportes ou nas compras do dia-a-dia, o nosso Povo a dizer cobras e lagartos do Governo, mas que não há nada a fazer porque não há oposição. (...)
É a própria democracia, o regime, que está em causa. Se está mal e sem remédio, e está, refunde-mo-lo. Mas, para isso, temos de começar na nossa própria casa. E a nossa casa, o PSD, bem precisa de limpeza e arrumo.
De uma autêntica varridela. E, não é com o recurso a uma candeia, para encontrar um candidato à Distrital de Lisboa (deputado por Faro), cuja única missão é impedir que quem defende a mudança ganhe, que se alcança esse objectivo.
Temos princípios humanistas e história de serviço público, temos milhares de excelentes quadros, mas temos, também, uma chusma de gente no exercício de cargos públicos, que foram da sua escolha pessoal, que nós não merecemos, que o País não aguenta.
Escolhido o caminho que queremos para resgatar o País e o tornar mais justo, livre e equitativo, com uma democracia saudável temos de ter protagonistas dignos na Assembleia da República. Mas quem tem hoje mais visibilidade no nosso grupo parlamentar? Os melhores? Os mais preparados? Infelizmente não!
Temos um Grupo Parlamentar (GP) com alguns valores, mas uma direcção digna de opereta, com um ou duas excepções (entre elas o Presidente do GP).
Cara companheira Manuela Ferreira Leite, O GP está hoje disfuncional, desorientado, temeroso, asfixiado e revoltado.
E porquê? Porque a direcção do GP tem comportamentos típicos dos pequenos poderes: mesquinhos, persecutórios e arrogantes a que acrescem uma manifesta incapacidade política, de direcção ou de responsabilidade. Recorrendo à contratação de uma agência de comunicação, que antes anatematizaram e condenaram publicamente, com o objectivo de os “safar” da sua própria incompetência.
Foram ao ponto de insultar o GP ao ditar normas de comportamento aos deputados, que têm a mesma legitimidade democrática dos próprios tiranetes.
É o cúmulo da estultícia. (...)
Voltando ao início desta carta veja, Cara Companheira, quem dirige a nossa Bancada. E, ao olhar para alguns deles, compreende-se que tenham aplaudido Paulo Rangel quando ele separou a ética da política.
Não estamos a falar da corrupção venal, mas da outra, da corrupção moral, que destrói e corrói a democracia e os seus fundamentos.
Mais não digo porque dói a alma ver esta gente alcandorada no melhor palco de que o Partido dispõe para expôr as suas ideias.
É que, como dizem aqueles a quem fomos buscar inspiração na fraternidade e na justiça, “ça pue”.
(Publicado no semanário Grande Porto, na edição do dia 11 de Dezembro de 2009)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Faça um favor à democracia e vá-se embora.

Maria José Nogueira Pinto não possui condições para exercer, com dignidade, o cargo de deputada do PSD.
Na verdade, nunca as possuiu e só uma liderança sem visão política a poderia ter convidado para integrar a lista de deputados a Lisboa.
Face ao que se passou, um acto equivalente aos "cornichos" do ministro Manuel Pinho, só resta à senhora deputada renunciar ao mandato ou ao PSD retirar-lhe a confiança política.

Sigam o rasto do dinheiro.

O governo vendeu património, entre o qual se incluíam dois estabelecimentos prisionais, com o objectivo de reduzir, artificialmente, o défice.
É verdade que esta “habilidade” já fora utilizada por governos anteriores, não passando de operações de cosmética, filhas da velha “esperteza saloia” portuguesa, para reduzir artificialmente o défice pelo lado das receitas, mantendo a despesa sem alteração.
Vejamos os factos:
O Ministério da Justiça vendeu, entre muito outro património, os estabelecimentos prisionais de Lisboa e de Pinheiro da Cruz, os maiores do País, por 60 e 81 milhões de euros, respectivamente, no âmbito do programa de alienações lançado em 2006 pelo então ministro Alberto Costa.
“No entanto, continuou a ocupar ambos os edifícios, passando de dono a inquilino. Agora, paga todos os meses uma renda que, em conjunto, supera os sete milhões de euros anuais. Desconhece-se até quando, uma vez que nenhum concurso público está a decorrer para a construção dos edifícios substitutos.Se a actual situação se prolongar, todo o dinheiro recebido pela venda dos imóveis acaba dissipado nas rendas mensais, o que corresponde, anualmente, a 5% do valor de venda, havendo o risco de nada sobrar para suportar a construção de novas prisões
”.
Esta a matéria dada como provada, que não mereceu ser contraditada pelo Ministério da Justiça.
Assim sendo, coloca-se uma questão pertinente, quem é o responsável por este negócio ruinoso para os contribuintes portugueses? Quem são os beneficiados com este negócio?
Talvez, seguindo o rasto do dinheiro, se encontrem algumas respostas às duas perguntas. E, já agora, seria útil que o Tribunal de Contas e a Procuradoria-Geral da República investigassem os contornos do negócio para averiguar se haverá responsabilidades financeiras ou criminais e de quem.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Da hipocrisia à deturpação da verdade

O historiador, deputado, comentador, ideólogo do regime (pelo menos para uma facção do PSD) pratica, hoje, no Público, um extraordinário exercício de hipocrisia e de falsidade política.
Todos sabemos que, apesar de ser um homem de direita, não renega o seu passado “marxista-leninista-maoísta” e que sempre foi um especialista em manipular a história e a verdade.
O panegírico que faz de Manuela Ferreira Leite não passa do seu próprio auto-elogio, como mentor da ainda líder do PSD. Ele sabe que a sua estratégia e as suas opções, que formaram o pensamento de Ferreira Leite ao longo do seu consulado, foram, claramente, derrotadas, quer pelos portugueses, quer internamente, sem que isso tenha a ver com o fim de ciclo que se adivinha e com a escolha de uma nova liderança.
Dizer que ainda “vamos ter saudades de Manuela Ferreira Leite” é o seu lamento, o seu grito de revolta pela derrota de um caminho que levou o PSD para um ponto de difícil retorno.
Sem que isto seja um ataque despudorado a Manuela Ferreira Leite, é um facto que ela e a sua liderança foram do pior que o PSD teve na última década, não incluindo nestas contas Filipe Menezes e Santana Lopes.
Lembrar que, contrariamente ao que diz Pacheco Pereira, Santana Lopes e Filipe Menezes sofreram os mas ignóbeis ataques que qualquer líder do PSD sofreu, com o objectivo de abrir caminho à candidatura presidencial de Cavaco Silva.
Relembrar que, neste percurso autofágico, o próprio Pacheco Pereira deu um forte contributo para descredibilizar anteriores lideranças do PSD.
Por outro lado, Pacheco Pereira, que agora é deputado, não pode desconhecer, ignorar ou fingir que não sabe o que se passa internamente no grupo parlamentar, em concreto a asfixia democrática que ali se vive, ao mando de um pequeno tiranete, que faz da incompetência a sua força e que quer vergar tudo e todos aos seus caprichos de "prima dona", ao serviço de uma facção do PSD que se quer manter no poder a todo o custo, com a promoção dos mais incompetentes, desde que saibam vergar a coluna vertebral.
Por tudo isto, o artigo de Pacheco Pereira é hipócrita, falseador da verdade, vingativo e, fundamentalmente, traduz a sua revolta por não conseguir os seus objectivos de moldar o PSD ao seu pensamento.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

De derrota em derrota até à derrota final ou a opção por lançar o PSD no caos.

O grupo que levou o PSD à derrota, em nome da verdade, faltando à verdade, sofreu, nas eleições para a Distrital de Lisboa, mais uma pesada e significativa derrota.
Depois das palavras de Pinto Balsemão, esta foi a segunda derrota em dois dias seguidos.
Apesar disso, a facção dirigente, mantém-se firme no seu propósito de lançar o partido social-democrata no caos, continuando agarrada ao poder, sem pudor e na perspectiva, vã, de conseguir sobreviver.
Compreende-se e sabe-se a verdadeira razão que move esta facção de dirigentes do partido, que prefere destruir a unir, que prefere acabar com o PSD a perder o poder.
Também se sabe que o grupo parlamentar escolhido por Manuela Ferreira Leite, e pelos seus mais directos colaboradores, obedeceu a uma lógica de exclusão, para criar obstáculos a uma liderança diferente e que quisesse mudar o caminho para o abismo para onde conduziam o partido.
Tudo indica que os militantes, a não ser que comecem as “chapeladas”, não estão com disposição para aturar mais esta gente. Por isso o seu desespero até às eleições directas ainda vai ser maior, as tropelias às regras democráticas mais intensas e o ataque ao carácter dos opositores mais violento.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A frontalidade de Pinto Balsemão

No dia 21 de Novembro escrevi aqui um texto sob o título "Uma mão cheia de nada", prevendo que o PSD estaria à beira do fim. Ontem, Francisco Pinto Balsemão disse o mesmo, com a força de ser o militante número um do PSD e na presença de Manuela Ferreira Leite. Mas disse mais, que o futuro não passa pelo passado e que o futuro deve ser arrojado e feito de ruptura. Tudo isto na presença e na cara de Manuela Ferreira Leite.
Qualquer pessoa entenderia esta mensagem de Francisco Pinto Balsemão dirigida à Presidente do PSD e ao seu grupo ou facção, como lhe chamou Marcelo Rebelo de Sousa, e a mensagem é extremamente simples e clara, vá-se embora, leve consigo a tralha do passado e não afunde mais o partido