quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A amoralidade e a corrupção do poder

O poder corrompe - fase banal, mas verdadeira - e esta corrupção moral é tão ou mais perigosa do que a outra, porque não tem punição e afecta, corrosivamente, o Estado.
Segundo o "I", Jorge Silva Carvalho, empregado da Ongoing - seria interessante uma profunda e minuciosa investigação a este grupo - tinha esperança de regressar ao poder, nas secretas, pela mão do PSD.
Partindo da bondade de que o PSD nada tem a ver com os desejos desta personagem amoral, o grave da coisa é que existem muitos como ele, cuja acção coloca em causa o Estado de Direito e que nunca serão punidos, porque actuam na sombra.
Mais grave ainda é o perfil que aquele jornal traça do sujeito: vingativo e mal formado. A notícia diz mesmo que se ele cair não vai cair sozinho, o que nos coloca uma questão muito importante, se o que ele sabe tem tanta força que impeça uma investigação aprofundada à sua actividade e uma punição exemplar. Se nada acontecer é a confirmação de que o Estado português está podre e que a corrupção- todo o tipo de corrupção - está instalada, até às entranhas, no poder político e na sociedade empresarial portuguesa.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Conselhos, gratuitos, ao Domingos Paciência.


O treinador do Sporting, após a vergonhosa exibição da sua equipa e da consequente derrota frente ao Marítimo, disse: “não compreendo a «postura» da equipa na segunda parte, onde sofreu dois golos em dois minutos e perdeu a vantagem adquirida na primeira parte”. Ora vejamos a situação: quem é que escolheu a equipa? Quem é o treinador? Quem é que definiu a estratégia para o jogo? Quem pode alterar a forma de jogar ou incentivar os jogadores a fazê-lo? A resposta é clara: Domingos Paciência, o treinador que diz não entender a postura da equipa que ele escolheu, que treinou e que orientou. Vamos tentar dissecar a coisa - num tempo em que falar de política se tornou perigoso, uma vez que o País é mesmo muito mal frequentado - para tentar explicar ao Domingos Paciência a realidade da vida. Em primeiro lugar, a teimosia é má conselheira, pelo que insistir em jogadores que não rendem, que os adeptos não apoiam, só para provar quem manda, resulta nisto. Em segundo lugar, a cobardia é, igualmente, má conselheira, ou seja, ter medo de colocar a jogar jogadores novos, na idade e na equipa, por medo, resulta nisto. Em terceiro lugar, qual a justificação para contratar tantos jogadores se a equipa é praticamente a mesma do ano passado, que teve os resultados que se viram. Em quarto lugar, se os que vieram são piores do que os que já lá estavam, houve uma clara e manifesta incompetência na escolha das contratações, o que não me admira, tendo em consideração os responsáveis pela direcção do futebol do SCP. Em quinto lugar, esta administração não é confiável e as opções que fez, quer no treinador, quer nos jogadores, confirmam a realidade da sua incapacidade. Em sexto lugar, ou Domingos Paciência cresce e ganha coragem ou só pode ter um fim: a sua saída, sem honra, nem glória.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

É a matemática, estúpido!

Segundo as informações disponíveis, Américo Amorim será devedor ao BPN da quantia de 1,4 mil milhões de euros relativos ao financiamento para a compra da sua posição na GALP.
Consta, e ainda não desmentido, que essa importância não se encontra paga, ou seja, caso fosse paga o défice do Estado no BPN reduzia-se a mil milhões de euros e seria perfeitamente desnecessário o “saque” ao contribuinte no Natal.
Ao que acresce, como explicou Marcelo Rebelo de Sousa, o escândalo de os rendimentos de capital não serem taxados.
Mas voltando às contas do BPN, esta instituição bancária vai ser adquirida pelo BIC, banco de que Américo Amorim é accionista, pelo valor de 40 milhões de euros.
Chegados aqui impõe-se uma pergunta: encontra-se prevista a obrigação de Américo Amorim pagar 1,4 mil milhões ao banco de que passa a ser dono, ou esse valor, que pertence ao Estado e aos contribuintes portugueses, será perdoado?
Se assim for, o negócio além de ser óptimo para uma das partes – Américo Amorim – é ruinoso para o Estado Português e lesivo dos contribuintes.
Poder-se-ia dizer que estávamos perante um crime de prevaricação (para não avançar para outras molduras penais) cometido pelo Governo.
Ou então que o Ministro das Finanças não sabe fazer contas e necessita da ajuda do Ministro da Educação que sabe da matéria.
Ou ainda, como dizia o outro: é a matemática, estúpido!

sábado, 6 de agosto de 2011

A Europa e os Estados Unidos entregaram-se nas mãos da China.

A incompetência dos dirigentes políticos europeus e norte-americanos levaram o Mundo para este beco sem saída, aparente, que pode ter, apenas, um desfecho: uma guerra mundial, ou guerras sectoriais, que, como nos ensina a história, se transforma na saída para as crises económicas estruturais dos Estados.
O principal erro, mortal para a Europa e para os Estados Unidos, de que estes são os principais culpados, mais do que os tristes, cinzentos e imbecis dirigentes e burocratas europeus, foi o de permitir que a China colocasse os seus produtos, livremente, em todo o Mundo, permitindo que da conjugação de uma política de escravidão e de baixos salários, aliada a uma péssima qualidade dos produtos, alguns deles de enorme perigosidade para a saúde pública, a China inundasse os mercados, realizando liquidez suficiente para comprar divida soberana dos Estados Unidos e dos países europeus.
A partir daqui os norte-americanos e os europeus colocaram-se nas mãos da China, sem apelo nem agravo.
Simultaneamente, a indústria europeia foi caminhando para o abismo, o desemprego aumentou, as prestações sociais cresceram para valores nunca atingidos e a dívida – comprada pelos Chineses, com o dinheiro dos europeus e dos norte-americanos -, foi crescendo.
Nesta estratégia de conquista do poder, os Chineses compraram, em alguns países africanos, a produção agrícola para os próximos trinta anos, o que os coloca a salvo de uma crise profunda para a qual a Europa não tem resposta.
A Europa transformou-se num conjunto de países à deriva, aburguesado, preguiçoso, sem capacidade ou vontade de criar riqueza, porque não é necessário, uma vez que compram barato os produtos chineses, de fraca qualidade, mas baratos e que consagra o conceito do “usar e deitar fora”.
O abismo está ali, ao virar da esquina e a queda das bolsas é um mero pormenor técnico, uma vez que a crise é bastante mais profunda e apenas uma alteração estrutural da Organização do Comércio Mundial pode contribuir para um aligeirar dessa crise. Mas isso não é possível porque a China é a principal credora das economias mundiais. A não ser que os Europeus e os Norte-Americanos digam à China a famosa frase utilizada pelos estudantes portugueses quanto às propinas: “não pagamos”.
Por isso, certamente, e começa a haver cada vez mais cidadãos convencidos desta realidade, a solução não passa pelo fim do Euro, da União Europeia, mas pela tomada de uma posição, conjunta, forte e inequívoca em relação à China. Ou então, por uma guerra mundial ou sectorial, que leve à necessidade da reconstrução dos países com as consequências económicas derivadas dessa reconstrução. Mas, mesmo neste caso, importa clarificar a posição perante a China, desenvolver a produção europeia e norte-americana e proibir a entrada dos produtos chineses ou a taxá-los de forma desmotivadora para essa entrada. Para acabar com a chantagem e com a dependência da Europa e dos Estados Unidos em relação à China e obrigar este país e mudar. Porque a mudança na China, inevitável, vai causar um impacto sem precedentes em todo o Mundo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A venda do BPN ao BIC - uma falácia vergonhosa, ou um caso de Policia.

A oferta pública para a venda do BPN não passou de uma escandalosa encenação, porque, mesmo que uma das propostas fosse melhor do que a proposta vencedora, já se sabia que o BPN iria entrar na esfera do BIC.
Deste modo, ficam protegidos todos os segredos do BPN, não será aprofundada a investigação e todos os devedores e culpados pela situação que chegou aquele banco passarão a dormir melhor.
Este é um caso de policia que, infelizmente, não chegará a ser investigado porque o governo irá condicionar tal investigação.
Este é o Portugal que a "troika" desconhece, mas também não parece ter interesse em conhecer, porque o fundamental é aumentar a receita, esmagar os portugueses com impostos e deixar tudo na mesma, quanto à despesa. E a economia que se dane, porque, em última análise, somos corrido do euro, com um mão atrás e outra à frente, de pois de os principais credores terem recebido os seus empréstimos.