segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Cavaquismo existiu? O Cavaquismo existe?

Com a aproximação das eleições o tema volta à primeira linha da discussão pública, ainda para mais com a mudança de paradigma na estratégia de José Sócrates que focalizou o ataque ao PSD na figura do Presidente da República.
Face às manobras de diversão e às intervenções públicas de alguns candidatos a deputados, poder-se-á admitir que os homens do Presidente, alguns daqueles que o acompanham desde a Figueira da Foz, querem manter viva a chama de uma ideologia que nunca existiu, o “cavaquismo”, que Sócrates tenta imitar noutro contexto e com um controlo dos meios de comunicação social que Cavaco Silva nunca teve.
Este vai ser o verdadeiro confronto nestas eleições legislativas, que se podem transformar nas primárias das presidenciais de 2011.
Numa lógica de inviabilidade governativa que começa a assolar os tradicionais comentadores políticos do regime, com a rara excepção de Joaquim Aguiar, e com a previsão de um governo de curta duração, abre-se uma enorme panóplia de opções e de apetites para a ocupação do poder.
Neste quadro, em que as referências estão diluídas na forma de gestão da crise, uma ideia de Estado, na figura da concepção “cavaquista”, pode ser a alavanca para uma vitória no imediato.
Resta saber se pode ou não, em tempo de mudança de todos os conceitos e num contexto de crise e de instabilidade económica e social, manter-se por uma legislatura.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Assim não é sério!

Uma das coisas menos correctas na política é a de colher louros que não nos pertencem. O ministro das Finanças e Economia, Teixeira dos Santos, ao considerar que a melhoria do indicador do clima económico em Agosto se deve às medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo para combater a crise e relançar a economia portuguesa, sabe que falta à verdade, ou pelo menos a uma parte da verdade.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Assim vale a pena ver televisão

Ontem, na SIC Notícias, assisti a um momento de televisão que pensava ser difícil de acontecer nestes tempos em que a comunicação social se deixou levar pela “estação estúpida”, pela notícia de desgraças e de coisas que não merecem qualquer tratamento jornalístico.
Desde a transmissão, em directo, da intervenção de Marques Mendes, na Universidade de Verão do PSD, passando pela entrevista a Adriano Moreira, cuja lucidez e visão crítica do passado, sem condescender, mas sempre com sentido no futuro, até ao debate sobre as legislativas, valeu a pena passar uma hora e tal à frente da televisão.
De tudo isto, retenho três coisas: a análise Martim Avilez que colocou a hipótese de uma subida estrondosa do Bloco de Esquerda (situação esta a seguir com atenção), a insistência de Marques Mendes na ética na política ou na política com ética e a perspectiva de futuro de Adriano Moreira ao afirmar que África é uma janela de liberdade e, direi eu, uma das soluções para o futuro incerto de uma Europa em crise e dos países do G8 sem capacidade para encontrar uma saída para as dificuldades sociais e económicas.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A colocação dos espiões e as dúvidas quanto à bondade da acção.

Os serviços secretos do Estado vão passar a espiar os serviços públicos, colocando os seus agentes no quadro de funcionários dos serviços a vigiar.
A primeira questão que se coloca é saber quais os objectivos desta acção e ao serviço de quem estarão os “espiões”.
Num mundo em que a tecnologia dá quase tudo, o regresso à “espionite” à moda antiga, deixa no ar algumas dúvidas quanto à bondade das intenções.
Para mais, num tempo em que “o vale tudo” se instalou na sociedade portuguesa, poderemos pensar que os reais objectivos são políticos e não têm a ver com a segurança do Estado ou com a prevenção de acções de corrupção.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um novo conceito para a corrupção a trinta e seis dias das eleições

Geralmente não concordo, nem discordo, verdade se diga, com Pedro Ferraz da Costa, um gestor cuja intervenção política tem por tradição ser inócua ou politicamente ajustada.
Desta vez, porém, na minha opinião, que vale o que vale, Ferraz da Costa fez uma afirmação que merece uma cuidada ponderação.
Na verdade a declaração de que Portugal “não tem dimensão para que se roube tanto”, além de correlacionar a corrupção com a dimensão geográfica de um País, -o que revela uma singular profundidade de análise filosófica -, abre o caminho a premissas que passam pela criação de um índice de corrupção por metro quadrado de território ou por milhão habitante, a outras que permitam a corrupção desde que não seja visível, ou ainda a possibilidade do conceito “seja corrupto desde que tenha território para isso”. Enfim, deixo ao vosso critério, porque são pessoas inteligentes, a imaginação das possíveis conjugações resultantes desta afirmação.
O mais grave de tudo isto, que vem na sequência de anteriores acusações – não consubstanciadas – que Pedro Ferraz da Costa fez sobre a adjudicação de obras públicas – é a falta de coragem para chamar os “bois pelos nomes” e dizer quem recebe e quem paga. Não por um mero e inqualificável acto de “bufaria”, mas no respeito pela verdade republicana.
Eu sei que o conceito de verdade republicano não se ajusta a este ex-líder da associação patronal, mas convenhamos que lançar a pedra e esconder a mão não fica bem a uma pessoa com as suas responsabilidades sociais.
Além do mais, caso Ferraz da Costa não saiba, a corrupção é um crime, que não prevê um conceito de territorialidade.
Tudo isto justificaria a criação de um imposto único sobre a imbecilidade para pessoas com responsabilidades sociais.

Má ficção a trinta e sete dias das eleições

Uns dias fora e no regresso uma ficção de combate político, misto “teoria da conspiração” inspirada no “watergate”, numa produção bem portuguesa, sem orçamento, pequenina e com falta de qualidade.
Como ainda não li muito sobre o tema, levanto algumas questões, sob o perigo de repetir o que outros disseram, e que têm a ver com a operacionalidade da coisa: as “escutas” foram efectuadas pelos Serviços de Informações e Segurança da República, por “detectives amadores”, por especialistas “estrangeiros” ao serviço do Partido Socialista ou por agentes reformados da STASI?
Da resposta a estas questões poderemos, então, avançar com o tema, escaldante e interessante para o futuro da democracia portuguesa: quem espia quem? seremos, ou não, todos espiados? O George Orwell, se calhar, até tinha razão e só não percebo como é que, ainda, não foi citado nesta estória “revisteira”.
Outra questão tem a ver com o “acéfalo” que fez transpirar (sim porque foi um acto de transpiração e não de inspiração), sem qualquer prova, para a comunicação social, esta “notícia de verão”. Será que a ideia foi a de causar embaraço ao Partido Socialista? Ou a de causar embaraço ao Presidente da República? Ou a de colocar umas pedras na possibilidade de Manuela Ferreira Leite vencer as eleições (parece que não chegava o Moita Flores vir dar apoio a José Sócrates)?
Mas se as "escutas" foram efectuadas pelo SISR, quem deu as ordens?
E se foram efectuadas por privados (numa clara prova da capacidade da iniciativa privada) quem contratualizou o serviço? Foi apresentado orçamento? E houve derrapagem ou foi a custos controlados?
Enfim, tudo isto é de uma tristeza confrangedora, comprovativa da fraca qualidade de alguns dos actores políticos, indivíduos sem qualidade intelectual, sem ideias e sem princípios.
E faltam trinta e sete dias para as eleições.

domingo, 9 de agosto de 2009

Gente mesquinha, sem ética

Desconheço se houve negociações para a inclusão do nome do Prof. Lobo Antunes no Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. E, confesso que nem quero saber. A única coisa que é certa é que, independentemente de ele ter sido o Mandatário de Cavaco Silva, é uma figura incontornável na medicina e que qualquer País sentiria orgulho numa personalidade destas. A sua presença num órgão consultivo como o Conselho Nacional de Ética credibilizaria qualquer governo. Mas, infelizmente, vivemos em Portugal, com gente mesquinha e pequenina.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

As pedras rochosas dos caminhos da política

Daqui a meia dúzia de dias, com os ânimos mais serenos, Manuela Ferreira Leite vai poder dedicar-se aquilo que é o seu principal objectivo: derrotar José Sócrates.
Os contestatários de ontem, irão ser os apoiantes de amanhã, caso o poder esteja próximo, embora alguns resistam e apostem do "day after", para a eventualidade de uma derrota.
Mas, qualquer que seja o desfecho das eleições, quem vier a seguir, se for esse o caso, vai ter de conviver com um grupo parlamentar feito à medida das ideias e das opções de Manuela Ferreira Leite.
A vida, por vezes, não é fácil, e os caminhos são tortuosos, pelo que só estão ao alcance de alguns eleitos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Renovação com regresso ao passado

O PSD aprovou a versão final das listas para o Parlamento, com uma renovação feita de poucas novidades e de um regresso ao passado, ao tempo em que os sociais-democratas foram poder.
Se a vitória sorrir a Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva também é um vencedor, se as coisas não correrem tão bem, o Presidente pode ver reduzido o seu espaço de manobra para intervir, face à necessidade de estabelecer equilíbrios pós-eleitorais.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A deriva populista e a incompetência na política

O populismo é a forma mais perigosa da vivência democrática, quer porque abre caminho a soluções “caudilhistas”, quer porque legitima situações menos claras da actuação dos políticos.
Passados mais de trinta anos de democracia, e desde já discordo daqueles que passam a vida a clamar pela “juventude” ou imaturidade da nossa democracia, os portugueses, em duas eleições sucessivas, têm uma oportunidade de fazer história e de dizer que esta forma de fazer política não serve ao nosso País, e que não querem políticos populistas, políticos incompetentes e políticos gastos.
Se, apesar de tudo, os eleitores escolherem estes políticos, não se fale em erros do sistema político ou do sistema eleitoral.
Independentemente de discordar do sistema eleitoral, por entender que se impunha uma redução do número de deputados e um sistema misto, com círculos uninominais e com um ciclo nacional, a opção, em qualquer circunstância, é dos eleitores e só eles sabem as suas motivações.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A árvore e a floresta ou a cegueira ideológica

Jerónimo de Sousa criticou a medida proposta por José Sócrates, de incentivo à natalidade, por ser um aliciamento aos depósitos bancários e servir, apenas, para ajudar a banca.
O secretário-geral do PCP não percebeu que o ridículo da medida é o valor do incentivo, uma vez que na Europa, há muitos anos, estes incentivos são uma realidade, com um valor bastante superior e acompanhados de outras medidas, que contribuem para um crescimento da natalidade.A “cegueira” ideológica de Jerónimo de Sousa não o permite distinguir a árvore da floresta.

A importância de nos chamarmos "ernestos"

Cada dia que passa somos um País mais periférico e muito mais próximo do terceiro-mundo do que da Europa, onde julgamos pertencer e que alguns dirigentes políticos nos vendem como sendo o nosso caminho e o nosso zénite.
A comprovar esta verdade, nenhum dos vinte e dois deputados portugueses no Parlamento Europeu vai ocupar cargos de grande relevo no início da nova legislatura, uma situação que ilustra a perda progressiva de influência dos eleitos nacionais ao longo do tempo.
Ainda acredito que, um destes dias, passaremos a “reserva protegida da Europa”, como exemplo do que não deve ser a governação de um País.

sábado, 1 de agosto de 2009

"O menino calino" e as explicações sem nexo

Paulo Campos, que não é propriamente um génio da política e que se destacou, ao longo destes cinco anos, por uma arrogância e verborreia que ofendia a inteligência do cidadão comum, foi apanhado, como um aluno calino, na “istória” do convite a Joana Amaral Dias.
Em primeiro lugar, a ex-deputada do Bloco não justificava este ruído, porque não acrescentaria nada à bancada socialista no Parlamento, nem traria muitos votos.
Em segundo lugar, mais valia que Paulo Campos reduzisse a sua explicação ao mínimo, por forma a evitar a triste figura que fez na SIC Notícias.
Enfim, de trapalhada em trapalhada, os socialistas vão caminhando para uma derrota que se afigura irreversível. Porque os portugueses começam a estar fartos deste tipo de “políticos”.