sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Exercício de vudu

Ontem, num dos canais informativos, a directora-adjunta do Jornal de Negócios, Helena Garrido, fez um cerimonial "vudu" prevendo ou admitindo o fim do euro.
Tal como todos os "impostores" que, anualmente, por esta época, lançam as suas previsões para o ano seguinte, Helena Garrido, que tem elevadas responsabilidades porque, além do mais, o jornal em causa é propriedade de um grupo económico com grandes interesses na Europa, simulou uma cerimónia "vudu". As referidas cerimónias são realizadas no período nocturno, fazendo parte do ritual bebidas de rum, frutas e jarros de sangue, cadaveres, crânios, enfim, uma panóplia de coisas interessantes. As bebidas e comidas são oferecidas aos loas, para invocar as entidades "vudu". No intuito de alegrar essas entidades, os voduístas oferecem também sacrifícios de aves, porcos, galinhas, bodes e afins. É interessante que os indivíduos não possuem consciência daquilo que fazem e, consequentemente, não se lembram de nada após o término do ritual.
Helena Garrido, tal como uns centenas de pessoas no Mundo, deu como hipótese o fim do Euro, como se fosse a descoberta de uma nova era.
Talvez acerte ou talvez não. Mas uma coisa é segura, se as consequências económicas se agravarem, com euro ou sem euro, a jornalista não pense que escapa pelo meio da "chuva tóxica". Lembre-se dos despedimentos que já se iniciaram em outros meios da comunicação social e pense que a crise pode bater-lhe à porta. Se isso acontecer, escusa de recorrer ao "vudu", porque isso não lhe vai valer de nada.
A não ser que já tenha um lugar assegurado no próximo governo, se o PSD ganhar as eleições. Nesse caso poderá continuar com o cerimonial.

sábado, 25 de dezembro de 2010

RTP, o serviço público ao serviço da pornografia moral

Ontem, a RTP passou uma reportagem vergonhosa, que nos dá a baixa dimensão moral de quem dirige a informação naquela estação, que está obrigada a prestar serviço público.
Em época de Natal, uns "benfeitores" levaram os seus Ferraris, Aston Martin e Porsches, entre outras marcas topo de gama, à Casa do Gaiato, para que os jovens, que ali vivem, vibrassem com a sensação de "dar uma volta" num carro de luxo.
O destaque dado à reportagem - passou pelo menos em dois noticiários - é um escândalo, uma acto de pornografia moral, que envergonha qualquer cidadão - num tempo de dificuldades económicas e de crise de valores - e que deveria levar à demissão, imediata, do director de informação da RTP.
Porque este acto dos "benfeitores" foi apresentado como sendo de elevado interesse para os jovens e a prova de boa-vontade de alguns, que aceitaram partilhar o seu luxo com quem vive nos limiares da pobreza.
Lamentavelmente, nem a administração da RTP pediu desculpa, nem o director de informação se demitiu, o que comprova que estão bem uns para os outros.



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os gastos da campanha presidencial e a coerência.

O candidato à Presidência da República Cavaco Silva foi o candidato que apresentou o orçamento mais elevado para a campanha eleitoral, de 2,1 milhões de euros, seguido de Manuel Alegre, que prevê gastar 1,6 milhões.
Relembremos que Cavaco Silva, no dia da apresentação da sua candidatura, declarou que, face à situação de crise económica, nem iria colocar cartazes, por forma a reduzir os custos da campanha.
Afinal, é o candidato que admite gastar mais dinheiro, o que contraria aquilo que disse e revela uma incoerência que não se entende, ainda para mais com as sondagens a darem como certa a sua vitória à primeira volta.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O passo seguinte.

A questão presidencial está resolvida, com a comunicação social e as sondagens a darem como certa a vitória de Cavaco Silva, pelo que o que importa a fase seguinte, ou seja, quais as consequências desta vitória no plano governativo.
Uma coisa resulta da síntese dos vários interessados, dos politólogos e dos comentadores, sejam os do regime ou outros, a aparente inevitabilidade de eleições até ao verão de 2011.
O que pode não ser certo é que estas eleições sejam desbloqueadores da crise política ou que viabilizem a recuperação económica do País.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Em memória de Carlos Pinto Coelho, porque temos memória

Em 2003, essa figura impoluta da democracia e paladino de causas - Nuno Morais Sarmento - ministro de um governo de Durão Barroso, qual Tomás de Torquemada, criticou, de forma torpe, o programa Acontece e Carlos Pinto Coelho, acabando, mesmo, no âmbito da tutela que detinha sobre a RTP, por lhe pôr fim em Julho de 2003.
Porque a democracia Acontece, porque estes paladinos da verdade continuam à solta e porque temos memória, cumpre-nos a obrigação de, em homenagem ao Carlos Pinto Coelho, relembrar estas nódoas da democracia, esta gente que prefere o jogo rasteiro ao jogo da vida e que passa os dias a colocar-se em bicos dos pés, pensando ser gente.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Haja coragem para colocar a Alemanha e a França na ordem

De louvar, as declarações do ministro dos negócios estrangeiros do Luxemburgo, ao Die Welt, a avisar a Alemanha e a França contra "atitudes de superioridade e arrogância para demonstrar poder" perante os outros países da União Europeia.
Haja alguém que diga àqueles dois "aprendizes de feiticeiros" que o seu comportamento coloca em risco a economia e a estrutura financeira da Europa. E que, se a coisa der para o torto, eles próprios serão "enforcados" na praça pública.
Porque a sensação que se tem, é que a incompetência e a arrogância é tão grande que ainda não entenderam que no fim da linha estão os seus países.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Wikileaks e o "Alfaiate do Panamá"

A Wikileaks faz-me lembrar o policial de John Le Carré "O Alfaiate do Panamá", uma história de falsa espionagem, em que nada era como parecia, mas em que o objectivo final se traduzia em extorquir uns milhões de libras aos serviços secretos ingleses, dando em troca informações em "bruto", que não correspondiam à verdade, mais não sendo do que um magnifico jogo de sombras chinesas para distrair os imbecis dos serviços de informação e justificar a sua própria existência.


sábado, 11 de dezembro de 2010

Cavaco Silva, a pobreza, a vergonha e o conhecimento da realidade.

O Presidente da República disse que os portugueses têm de se sentir "envergonhados" por existirem em Portugal pessoas com fome, um "flagelo" que se tem propagado pelos mais desfavorecidos de forma "envergonhada e silenciosa".
Disse e disse bem, ainda para mais porque sabe do que fala, uma vez que nos trinta e seis anos de democracia - descontando o período de desvario revolucionário, serão 34 - exerceu funções de poder durante cerca de dezasseis anos, sendo onze de poder executivo e cinco como Presidente da República. Ou seja, durante metade da vida da nossa democracia teve uma palavra a dizer quanto à pobreza. Por isso, - e porque a pobreza sempre existiu e as condições de desenvolvimento nunca foram, na verdade, criadas e o "pequeno e simbólico desenvolvimento" do nosso País apenas resultou de uma política de betão e de alcatrão -, o Presidente da República conhece os sintomas de pobreza. E talvez por esse motivo fale deles. E acredito que, tal como os outros portugueses, também se sinta envergonhado. Até porque, certamente, não esquece os panos negros e a fome do Vale da Ave, no tempo dos seus governos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A WikiLeaks, a democracia e o crime de extorsão

Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique, negou hoje qualquer envolvimento com narcotráfico e classificou os documentos divulgados pelo portal WikiLeaks como "mentira grossa".
A divulgação de documentos, por esta organização, que tem disparado para todos os lados, deveria obrigar a uma reflexão sobre o "grande irmão" e as motivações que animam Assange e os seus seguidores.
Defendo, e sempre defenderei, que a liberdade de expressão e de informação é a trave mestra de uma democracia, mas também defendo que a democracia perde, e muito, com este tipo de informações, que não podem ser validadas.
De tudo o que tem acontecido, ultimamente, e que envolve a WikiLeaks, devemos reter duas coisas: em primeiro lugar a organização procedeu a uma angariação de fundos para custear a defesa do militar norte-americano que lhes entregou parte do material que foi divulgado, referente ao Afeganistão e Iraque, fundos esses que, até agora, ainda não foram entregues aos defensores do referido militar.
Em segundo lugar, os sites das empresas que patrocinavam a WikiLeaks, foram alvo de ataques cibernautas, de amigos da organização, depois de terem retirado esses apoios. Em termos práticos e de acordo com o artigo 223º do Código Penal Português, estamos perante um caso de extorsão: "quem, com intenção de conseguir para si ou para terceiros enriquecimento ilegítimo, constranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, a uma disposição patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem, prejuízo, é punido com pena de prisão até cinco anos".
Pode ser politicamente incorrecto, mas a organização utiliza a divulgação dos factos que conhece, não para defesa da democracia, mas para obter vantagens materiais, recorrendo a actos criminosos quando alguém se mete no seu caminho.
Para mim, mais não fosse, este tipo de organizações mafiosas deveria ter o tratamento normal, ou seja, o tratamento dado a qualquer criminoso. Porque os fins não justificam os meios e os fins últimos são os de encher os "bolsos", mascarando essa acção com a defesa da democracia.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quem quer responder?

O Ministério Público espanhol vai propor penas até oito anos de prisão para os controladores aéreos que na sexta-feira fizeram uma greve relâmpago.
Por curiosidade gostaria de saber o que sucederia, em idênticas circunstâncias, no nosso País.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A nova aventura militar da Alemanha sob a forma de "controlo do dinheiro"

A Alemanha continua a ditar os termos na nova era da moeda única e ontem a chanceler Angela Merkel voltou a demonstrá-lo, ao matar à nascença duas propostas de curto e longo alcance que visavam, a custo zero, estabilizar os mercados.
Mais uma vez, Angela Mekerl comprovou que ainda não entendeu a realidade, ou seja, que o afundamento da Europa será o seu próprio.
Merkel imagina-se a liderar um poderoso bloco franco-alemão, que se estenda a leste. Está enganada e os alemães irão pagar caro esta aventura, que sem ser militar é tão grave e criminosa como a outra.

sábado, 4 de dezembro de 2010

4 de Dezembro de 1980

Passam, hoje, trinta anos sobre a morte de Sá Carneiro e, por muito que alguns queiram, ninguém pode dizer que detém o legado do líder do PSD. De Francisco Sá Carneiro ficaram os princípios. Por que a ideia de mudar Portugal era dele e só ele é que a detinha, sem partilha, porque sabia o que o rodeava e quem o rodeava.
Talvez por isso, é um completo disparate imaginar como seria o nosso País se ele não tivesse morrido, porque a política não é um jogo de "play station" e a mudança é conquistada no dia a dia, no confronto, na capacidade de previsão do que vai acontecer, na imaginação e na força que se coloca na aplicação dos princípios à política.
O político que imaginou um Portugal sem o controlo dos militares, civilista e democrático, tinha uma concepção da vida e da política que, - e essa é a única extrapolação que se poderá fazer - não se compadece com os comportamentos de muitos dos actuais dirigentes partidários.
Sá Carneiro vivia a política com intensidade, e com paixão, sem nunca dizer que fazia um esforço, ou que abdicava de benesses pessoais para estar ali. Sá Carneiro amava a política, no sentido lúdico e desinteressado, como forma de realizar a ideia que tinha para o nosso País, de mudar Portugal e de contribuir para a criação de uma sociedade forte e dinâmica.
Trinta anos depois seria bom que se regressasse aos princípios, só isto, regressar aos princípios e perguntarmos o que queremos para Portugal, como queremos que Portugal seja, que sociedade pretendemos desenvolver.
E a resposta a estas questões serão um forte contributo para fazer alguma coisa por Portugal. Sem pensar como teria sido, porque isso não passa de uma projecção de algo que nunca acontecerá. O futuro é amanhã e só assim, relembrando o passado de forma dinâmica, poderemos construir o futuro.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os oportunistas!

Sempre que se evoca o aniversário do homicídio de Sá Carneiro, Amaro da Costa e dos que com eles viajavam, aparecem uns oportunistas a reivindicar a "herança ideológica" dos dois.
Este ano, a coisa agravou-se, porque se evocam os trinta anos dessa data e uma "corja" de oportunistas saltaram, como ratos do convés, para tentar tirar partido deste momento.
Trinta anos após o 4 de Dezembro de 1980, já era tempo de alguém colocar ordem na casa, acabar com esta "gentalha imunda" e relembrar os princípios e o famoso Fundo do Ultramar, a causa de tudo o que aconteceu.
Por falta de coragem, por que a maioria dos políticos portugueses não passam de uns oportunistas e "espertalhões", nada disso acontece e as evocações são meros momentos cinzentos, estratificados e sem sentido

domingo, 28 de novembro de 2010

Os oportunistas e os espertalhões

Pedro Passo Coelho avisou, ontem, em Coimbra, que “os espertalhões que sabem colocar-se, na hora certa”, ao lado de quem “vai ganhar” que “não terão guarida, nem complacência” por parte do partido que lidera.
É uma posição interessante e que se aguarda que seja cumprida, e seguida, até às últimas consequências.
Por isso, cada vez mais, devemos ter uma posição crítica quanto ao posicionamento do PSD no actual contexto, porque é dessa posição crítica que pode nascer uma perspectiva realista de uma eventual alternativa.
Aqueles que já se vêm "ministros", que já escolheram as suas equipas, desde os motoristas às secretárias, são idênticos aos oportunistas que se querem afirmar como "ministeriáveis" e que dizem e fazem tudo para que olhem para eles.

Para que não digam que não avisei!

Em Maio deste ano escrevi:

"Ontem avisei que a crise social na Grécia se poderia tornar violenta e contagiar os outros países da Europa.
Os factos vieram confirmar os meus receios, mas, apesar disso, os governos europeus continuam reféns da sua incapacidade e dos resultados eleitorias.
Preferem arrastar a Europa para um clima de violência, de guerrilha urbana, do que perder eleições. São os políticos que temos e, possívelmente, os que merecemos.
O custo desta inércia, deste pacto com os grandes interesses financeiros vai sair muito caro aos europeus. Porque poderá vir a ser pago com o sangue
"

Agora, algumas pessoas vêm dizer que, afinal, a coisa está má e que pode acabar em agitação social. Que pena não terem visto isso mais cedo.

sábado, 27 de novembro de 2010

As eleições para a Ordem dos Advogados e a legitimidade do Bastonário

Marinho Pinto venceu, sem margem para dúvidas, as eleições para Bastonário da Ordem dos Advogados, derrotando, por larga margem, o candidato da SIC Notícias e alter ego de Rogério Alves, Luís Filipe Carvalho, enquanto Fragoso Marques, um candidato que não sai dos grandes escritórios de advocacia - representando uma parte das bases e da advocacia independente e não subsidiada pelo Estado - ficou em segundo lugar, perfilando-se como o sucessor de Marinho Pinto para as próximas eleições.
A vitória de Marinho Pinto - e esclareço que votei em branco - acaba, de vez, com as críticas que lhe fizeram nos últimos tempos.
Quer se goste ou não do estilo, os advogados escolheram-no e reconhecem que Marinho Pinto corresponde ao homem certo para o momento que se atravessa na advocacia.
Independetemente das violentas críticas que o Bastonário faz à Magistratura e ao Ministério Público - com as quais não estou, na maior parte das vezes de acordo - Marinho Pinto corresponde aos interesses da grande maioria dos advogados, que vivem do seu trabalho, que não têm contratos estranhos e chorudos com o Estado e que lutam com dificuldades para ter uma vida minimamente digna.
Talvez por isso, os dois candidatos mais votados tenham saído das "bases" e não de grupos "económicos" estabelecidos na advocacia.
Agora, durante três anos, o Bastonário tem o dever de repensar a Ordem dos Advogados, num tempo conturbado e economicamente difícil e dizer qual o papel que os advogados devem ter na sociedade.
Outra das questões que Marinho Pinto deve resolver passa pelo acesso à profissão, no quadro de Bolonha e a consequente alteração do Estatuto da Ordem.
Por último, Marinho Pinto deveria repensar a formação e mandar efectuar uma rigorosa auditoria aos últimos quinze anos da acção da Ordem nesta área.
É por aqui que se vê, efectivamente, a coragem dos homens e é este o desafio que deixo a Marinho Pinto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

As sondagens, a maioria de um só partido e os acéfalos.

A sondagem que dá previsível maioria ao PSD deve ser analisada numa perspectiva dinâmica, ou seja, nada é seguro e tudo tem de ser feito para justificar essa opção dos portugueses. Mas também deve ser analisada como um ensinamento aos analistas políticos, aos jornalistas, aos comentadores, ou seja, a todos quantos, durante anos a fio, andaram a dizer que o melhor para o País seria a não existência de maiorias absolutas no Parlamento.
Esses "imbecis" - só podem ser tratados assim -, além de incompetentes e acéfalos, colocam os seus interesses pessoais ao serviço de quem lhes paga, a cada momento, em detrimento dos interesses do País.
Portugal só pode ser governado à direita ou à esquerda, mas com uma maioria de um só partido na Assembleia da República. O resto é conversa de uns pseudo-analistas que já estão conservados em tanatopraxia. Na verdade estão "mortos" e ainda não perceberam.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O repórter de imagem, os anúncios nos jornais e o conceito de lenocínio

Uma revista semanal dedica algumas páginas a uma "história" de lenocínio, em que é suspeito um repórter de imagem que, ironia do destino, costumava trabalhar com um conhecido jornalista do "crime".
A "história" em si não é relevante a não ser que, a revista em causa, é propriedade de um grupo empresarial que - tal como o referido repórter de imagem - vive e alimenta-se do anúncio de "acompanhantes", para ser benévolo, porque na verdade os anúncios constituem um portfolio de prostituição.
Qual a diferença entre um - o operador de imagem - e o jornal que publica os tais anúncios? Se formos honestos não há qualquer diferença.

domingo, 21 de novembro de 2010

Acabou a Cimeira

Acabou a Cimeira, o trânsito volta ao normal e a crise económica mantém-se. Os jornais vão dar notícias dos acordos/desacordos entre o PS e o PSD e até Otelo Saraiva de Carvalho, um dos mentores da organização terrorista FP 25 de Abril, vem apresentar soluções para o País. Quase que me apetece pedir para que a Cimeira seja um acontecimento "no stop".

sábado, 20 de novembro de 2010

O "exemplo" da Irlanda e o fiasco Paulo Portas.

Durante anos sucessivos, Paulo Portas atirava à cara de todos com o exemplo da Irlanda para, comparativamente com Portugal, provar que se poderia desenvolver um País, aliando crescimento económico, solidez das contas públicas e uma boa prestação social.
Agora, que o "mito" da Irlanda estoirou, Paulo Portas calou-se que nem um "rato" e não diz nada, ou seja, é incapaz de vir dizer que o exemplo dele é um fiasco. Porque isso seria reconhecer que ele próprio é um fiasco, como político.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A NATO e um novo paradigma de defesa.

Num tempo em que o domínio dos países deixou o campo militar para passar a decidir-se no campo económico, a cimeira da NATO que vai decorrer em Lisboa ainda se perspectiva na vertente da defesa militar.
Num tempo em que se fala da integração da Rússia e em que o "potencial" inimigo é o islamismo extremista, como conciliar estas duas vertentes da "nossa aldeia global"?
Num tempo em que a crise financeira - com consequências no emprego e na estabilidade social - pode causar conflitos locais, que se podem generalizar, qual o papel da NATO?
Possivelmente a cimeira não dará resposta a qualquer destas questões, mas a realidade é que não se pode continuar, eternamente, a varrê-las para debaixo do tapete.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Esticar a corda por vezes pode dar mau resultado e é nestes momentos que se vê a diferença entre um Estadista e um politíco de vão de escada

A Senhora Merkel tem vindo, por causas internas - desde a incapacidade de integração da Alemanha de Leste, que foi um falhanço, até à incompreensível arrogância quando rebentou a crise financeira, passando pela provocação da quase implosão da Grécia - a cometer erros sobre erros, disfarçados de uma pseudo postura de Estadista, que não possui, por muito que alguns dos seus admiradores se esforcem por lhe atribuir.
Na verdade, a Alemanha, da Senhora Merkel, tem uma visão distorcida da Europa Comunitária e quer, porque pensa sobreviver se isso acontecer, acabar com a Europa e virar-se para o Leste.
Este é um erro fatal, para a Alemanha e para a Europa, nomeadamente se Sarkozy, na perspectiva de perder as eleições, alinhar com esta política.
A libertação de pulsões xenófobas, como forma de reforçar a coesão interna, é redutora e contém um elevado grau de improbalidade vencedora, num mundo em que as interdependências são de tal forma fortes, que só uma solução radical - um conflito armado à escala mundial - poderia alterar.
Talvez por isso, agora, a Senhora Merkel, percebendo - espera-se que não seja tarde - que a implosão da Irlanda, da Espanha, de Portugal, da Grécia e da Itália iria estoirar com o sistema financeiro alemão, vem tentar remediar as coisas, dizendo que a Zona Euro não está em perigo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ainda bem que Marques Mendes chegou à conclusão a que eu tinha chegado há vários meses.

Eu não gosto de me repetir, mas há vários meses que alertei para a potencial implosão social no nosso País, em consequência do agravamento da crise económica e do desemprego, que nos pode arrastar para uma situação idêntica à da Grécia, caso não sejam tomadas medidas estruturantes das finanças públicas e de incentivo à criação de riqueza. Ainda bem que Marques Mendes vem defender o mesmo e que alertou para o “risco sério de implosão social”.
Pode ser que, se a minha voz não chegar, a de Marques Mendes contribua para que os políticos portugueses pensem, de uma vez por todas, nos portugueses. Porque, em última análise, serão eles os primeiros a sofrer as consequências, embora o possam fazer de barriga cheia.

sábado, 6 de novembro de 2010

A crise inevitável e devidamente anunciada.

Paula Teixeira da Cruz, por quem tenho uma enorme amizade, anuncia no semanário SOL que o PSD irá fazer tudo para derrubar o Governo a seguir às presidenciais.
Por um lado é uma posição clarificadora, por outro lado pode causar danos irreversíveis quanto à credibilidade do Estado, com o consequente agravamento dos juros da dívida soberana - apesar de eu estar convencido que isso é outra história - por último pode aglutinar o PS em torno de uma solução alternativa a José Sócrates, que até seja compatível com um governo de esquerda.
Porque o que esta situação a que chegamos nos ensinou é que Portugal apenas pode ser governado com uma maioria de direita ou com uma maioria de esquerda. As soluções intermédias são, sempre, geradoras de estados de governação cinzentos e a política tem e deve ser colorida, ou seja, deve ter princípios verdadeiramente definidos e não se ficar pelo meio-termo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O descrédito da classe política, a boa e a má moeda.

Cavaco Silva, depois de cinco anos de mandato, ao longo dos quais a qualidade da democracia se degradou e a qualidade dos políticos baixou a um nível assustador, veio manifestar a sua preocupação quanto à degradação da vida pública.
Já o tinha feito, antes de ser Presidente, quanto Pedro Santana Lopes foi primeiro-ministro, com o artigo da boa e da má moeda e a recusa em partilhar os cartazes da candidatura do PSD, cuja derrota abriu caminho à maioria absoluta de José Sócrates e volta, agora, ao tema.
Compreendo e partilho das preocupações do Presidente da República, mas lamento que só agora é que as tenha partilhado com os portugueses e que não tenha tirado as ilações devidas, mesmo sendo um institucionalista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quem mentiu?

A carta que Ana Paula Vitorino enviou aos seus camaradas deputados é verdadeiramente explosiva.
Das três uma, ou a deputada está a mentir, ou o Diário de Notícias mentiu, ou o ministério público mente e deturpa a acusação.
Qualquer que seja a resposta é grave para um Estado que se diz de Direito, em que existe liberdade, em que as garantias dos cidadãos se encontram asseguradas e a liberdade de informar e de ser informado tem por objectivo o interesse público e não qualquer interesse obscuro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem vai ficar entalado?

Marcelo Rebelo de Sousa disse, ontem, que Eduardo Catroga tinha "entalado" o PS e o Governo. Vou esperar para ver quem é que vai sair desta história "entalado"!

domingo, 31 de outubro de 2010

Um acordo firmado com erro nos pressupostos!

O acordo entre o Governo e o PSD enferma de um erro nos pressupostos, que vai levar ao seu fim, mais dia menos dia e que, mesmo viabilizando o OE, não vai acalmar a situação política.
Pelo contrário, a luta pelo poder vai aumentar de intensidade e as consequências para os portugueses vão ser muito graves.
Porque, infelizmente, neste tempo de desacerto, o PS e o PSD apenas querem saber qual deles vai gerir melhor a crise e aproveitar o que ainda pode haver para aproveitar. Os dois partidos, ou melhor as direcções dos dois partidos, já desistiram de promover as mudanças estruturais fundamentais ao desenvolvimento do nosso País.

sábado, 30 de outubro de 2010

Leitura obrigatória de fim-de-semana!

A leitura recomendada para este fim de semana não é a "charla" de Pacheco Pereira quanto ao iPad, mas sim a coluna de Pulido Valente. Vale a pena ler, reler e pensar. Não custa nada e pode ajudar a mudar alguma coisa. Porque a verdade é que, tristemente, Portugal é governado há trinta anos pela mesma gente. A mudança não pode ser geracional, porque muitos dos "jovens" são "velhos" intervenientes na coisa pública. O que tem de mudar são os conceitos e as ideias de futuro para Portugal. Com esta gente, o nosso País não irá longe. Nunca mudará, nem passará disto.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Da certeza à incerteza vai um pequeno passo.

A última sondagem conhecida coloca o PSD à beira da maioria absoluta e os comentadores, analistas e jornalistas já pereceberam que o vento está a mudar e também apostam numa vitória eleitoral de Passos Coelho, quando, em meados de 2011, ocorrerem as eleições legislativas antecipadas.
Este é o cenário previsível, mas, como qualquer cenário, pode mudar, tal como muda o vento. Basta um pequeno anti-ciclone para que isso aconteça.
Por isso, não se deve dar nada como adquirido, pois, tal como certos direitos que se julgavam adquiridos estão a ser colocados em crise, também neste campo pode haver mudanças inesperadas.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fim de Linha!

As negociações chegaram ao fim sem que se obtivesse um acordo. Aqui, e neste particular, muitos analistas falharam redondamente, porque estavam convencidos que o Governo ou o PSD estariam com medo das consequências da inviabilização do OE.
Apesar disso, só logo é que saberemos se, mesmo sem acordo, o PSD viabiliza este OE. Nogueira Leite, entre outros, entende que deve ser viabilizado.
Qualquer que seja a opção de Passos Coelho vai representar o seu encontro com a história e com o futuro.
Neste momento, tudo pode acontecer e o "vencedor" ganhar tudo é uma hipótese sempre em aberto, porque os portugueses vão entender que o País só governável com um governo de maioria ou de coligação maioritária. Qualquer outra solução é bloqueadora do sistema político.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coincidência ou talvez não! Politização ou talvez não! Pressão sobre os políticos ou talvez não!

Por coincidência, no dia em que Cavaco Silva vai anunciar a sua recandidatura, o DCIAP arranca com uma nova investida no BPN, instituição bancária que foi administrada por alguns ex-ministros e ajudantes de ministros de Cavaco Silva.
É evidente que todas as iniciativas para esclarecer o que se passou naquele Banco, e que tão caro está a custar aos contribuintes portugueses, são de louvar.
Mas, por um raio de uma coincidência, a acção da PJ e do DCIAP acontece precisamente no dia em que Cavaco Silva dá início à sua campanha eleitoral. Como diria o outro "não acredito em bruxas, mas que as há, lá isso é um facto".

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Refer, a EDP, a Iberdrola e o preço da electricidade.

Para a Refer, o facto de, pela primeira vez, a empresa ter recorrido ao mercado liberalizado da energia eléctrica proporcionou-lhe uma poupança de 1,2 milhões de euros, por comparação com a situação anterior de exclusiva dependência da EDP. A gestora de infra-estruturas ferroviárias dividiu o fornecimento de electricidade entre a EDP e a Iberdrola.
Por aqui se vê quanto é que o consumidor português poderia economizar ou como a EDP está a lucrar excessivamente com o preço da elecricidade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Branquinho lava mais "branco" a Ongoing.

Há oito meses o deputado Agostinho Branquinho não sabia o que era a Ongoing. Hoje é funcionário da empresa. Há oito meses Agostinho Branquinho criticava, violentamente, a Ongoing. Agora vai dirigir a empresa no Brasil.
Agora está explicado o famoso almoço no "Solar dos Presuntos" e o facto de o PSD ter deixado de criticar a situação na TVI, nomeadamente o papel da Ongoing no pseudo-negócio. da PT/TVI.
Mas no meio disto, e sem entrar em outros conceitos, acontece uma coisa boa: Agostinho Branquinho sai do Parlamento. É uma boa nova para a democracia. No fundo, neste negócio nem tudo é mau.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Mensagem!

Cavaco Silva vai falar ao País no próximo dia 26, pelas 20.00 horas, no Centro Cultural de Belém. Até aqui não é novidade, uma vez que todos sabíamos, porque Marcelo Rebelo de Sousa encarregou-se de fazer a divulgação desta iniciativa.
Sobre o que vai falar é pressuposto que seja a sua recandidatura, caso Marcelo Rebelo de Sousa esteja bem informado.
Mas Cavaco Silva já nos habitou a surpreender com anúncios de "pompa e circunstância", que depois se traduziram em nada ou quase nada.
Agora um verdade é inquestionável, o País vai estar em expectativa a aguardar a "Mensagem", que não a Fernando Pessoa, mas a de Belém.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Uma boa iniciativa do PCP que é má para alguns dos pasquins pseudo-moralistas!

O PCP tomou uma iniciativa legislativa que visa acabar com "Anúncios com fotografias de corpos semi-despidos acompanhadas de frases curtas a sugerir "convívio", "prazer total", "serviço completo" ou a descrever atributos corporais e idade devem ser banidos dos media". Este projecto de resolução do PCP tem por finalidade a proibição de publicidade, encapotada, de incentivo à prostituição nos jornais e visa que o Governo reconheça a prostituição como forma de exploração.
Quero ver a reacção de alguns dos pasquins pseudo-moralistas se uma das suas maiores fontes de receita - obtidas através de uma subtil forma de lenocínio, a coberto da liberdade de imprensa - for proibida.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“O tempo político” ( artigo publicado em 24 de Julho de 2007)

Porque o tempo é feito de memórias e quem não as têm não pode pensar em ter futuro, e porque a nossa classe política, além de estar no poder há mais de trinta anos, se esgotou e se esgota num ritmo cada vez mais acelerado, deixo aqui um texto com mais de três anos.

O tempo político não é, infelizmente, aquele que se ambiciona, mas o que o próprio tempo dá aos interventores na vida política.
Por isso, por ser irreal imaginar um futuro sem que se tenha capacidade de controlar todas as envolventes que o podem condicionar, é que eu discordo da forma como alguns políticos gerem as suas carreiras e os seus tempos.
Esta concepção firme, que os factos consolida, afasta-me do “famoso” conceito do “stop and go” que os políticos copiaram, mal, da economia e que utilizam de forma descontextualizada e sem um perfeito conhecimento da realidade, do País em que vivem e das condicionantes que motivam, a cada momento, os cidadãos.
A esta errática forma de estar na política acresce um outro factor que tem a ver com a ausência, total, de um pensamento político estruturado, ou seja, de um projecto para o País assente em ideias e em propostas que representem o estudo aprofundado das várias vertentes que, transversalmente, nos dão a dimensão e a visão panorâmica da nossa sociedade.
A política é, como se sabe, a arte de governar, mas não pode ser a arte de um dramaturgo de quinta classe ou de um actor frustrado, sem carreira.
Como tal, a regeneração da política, que os cidadãos exigem, por enquanto pelo silêncio da abstenção e qualquer dia pela agitação social, violenta e sem controlo partidário, passa, inquestionavelmente, por actores de primeira água, por autores de excelência e por ideias, projectos, soluções globais e interactivas para as questões sociais, culturais, educacionais, económicas e de cidadania, que se encontram em profunda crise.
Este é o desafio a vencer e que pode evitar o descalabro de uma classe política em queda e dilacerada por questões menores.
A política portuguesa precisa de um rejuvenescimento dos seus actores principais, porque alguns deles andam há tempo demais a dizer a mesma coisa, sem que nada façam de novo ou retirem lições dos erros do passado.
E, quando falo em rejuvenescimento não me refiro à faixa etária, porque alguns dos “jovens” da política já são mais idosos do que o famoso “Matusalém”.
A idade mental, a abertura a um novo mundo, a novas realidades sociais e política, a um século XXI em permanente transformação, é o elemento chave de afirmação da classe política que pode mudar Portugal.

domingo, 10 de outubro de 2010

O espólio perdido de Amaro da Costa.

O CDS “perdeu” o espólio de Adelino Amaro da Costa, o que além de inacreditável, vem dar forma à ideia que não haverá muita gente interessada em saber o que se passou na noite de 4 de Dezembro de 1980.
O grande e enorme erro da investigação – de forma deliberada ou induzida – foi o de se ter focado a mesma em Sá Carneiro quando, possivelmente, deveria ter sido focada em Amaro da Costa.
A quem interessava a morte do então Ministro da Defesa, que investigava o Fundo do Ultramar ?
Estranhamente, num tempo de silêncio sobre o negócio dos submarinos, em que o Fundo do Ultramar acabou por nunca mais ser investigado, o espólio de Amaro da Costa desaparece ou é perdido pelo CDS.
Curiosamente, o Ministro da Defesa que comprou os submarinos à Alemanha é o presidente do CDS. Mistérios que a história um dia decifrará ou não.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Politicamente incorrecto.

O Conselho da Europa chumbou a lista portuguesa candidata ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, composta por Paulo Pinto de Albuquerque, João Manuel da Silva Miguel e Anabela Rodrigues.
Confesso que não estranho e acredito que a solução passará por deixar cair o nome de Paulo Pinto de Albuquerque.
Até porque, se o nome foi indicado pelo PSD, estou convicto que haverá outros juristas de elevada craveira que podem ser indicados pelos social-democratas e que serão aceites pelo Conselho da Europa, que não toma as decisões por birra ou por andar distraído. Pelo contrário.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A culpa colectiva, a morte do doente, o remédio que não cura.

Jorge Sampaio dizia, e bem, que havia vida para além do défice. A voz popular costuma dizer que os doentes podem morrer da doença ou da cura. O FMI e outras organizações internacionais, por mais respeitáveis, técnicamente, que o sejam, como diz Cavaco Silva, limitam-se a aplicar uma cartilha, idêntica em todo o lado, que não tem em consideração os efeitos colaterais do "tratamento".
Portugal, ontem, viu-se confrontado com um brutal aumento do IVA e com uma redução da despesa simpática, uma vez que o essencial - a anacrónica estrutura administrativa do Estado Novo - se mantém. Ou seja, enquanto não se reformar a estrutura do Estado, o despesismo manter-se-á elevado e a única solução é aumentar o IVA.
Só que isto tem um limite e o limite é a morte da economia, das empresas e do consumo, o que determinará o aumento das insolvências e da despesa social com o subsídio de desemprego.
Sei que é fácil falar e criticar, e que o mais difícil é fazer, porém, a verdade, é que a classe política portuguesa nunca revelou vontade em mudar nada. Todos os políticos, desde o 25 de Abril, são responsáveis pelo estado a que a nossa economia e as nossas finanças públicas chegaram. Por um único motivo: falta de coragem e de visão estratégica.

sábado, 25 de setembro de 2010

Uma proposta: que as reuniões privadas entre Passos Coelho e Sócrates sejam gravadas em suporte vídeo.

Houve tempos em que um primeiro-ministro (Balsemão) e um Presidente da República (Eanes) faziam as reuniões de quinta-feira com dois gravadores para que não houvesse dúvidas, quanto aos temas e às fugas de informação.
Quanto às fugas de informação, essas continuam e o Estado, e a Justiça portuguesa, mais se assemelham a um passador com furos bem largos.
Por isso não estranhei com a decisão de Passos Coelho de só pretender reunir com Sócrates na presença de testemunhas. Apenas um conselho: como algumas testemunhas poderão não ser de confiança, o melhor é levar mesmo o gravador. É tecnologicamente mais avançado e mais credível. Ou, em opção, a gravação, privada, em suporte vídeo das reuniões. O que, sempre seria um bom material para no futuro se analisar a vida política portuguesa.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pagar para ver.

A oposição diz que o FMI está a chegar num dos próximos voos internacionais. Alguns economistas e jornais económicos dizem o mesmo. Miguel Sousa Tavares diz que a chegada do FMI é como um golpe de Estado que não se anuncia. Um matutino afirma que o FMI disse o mesmo da Grécia antes de "arrombar a porta". O Governo diz que não convidou o FMI e que a situação está controlada. O Presidente Cavaco Silva afirma que o FMI não vem, se fizermos os trabalhos de casa, imagem apropriada ao início do ano lectivo.
Enfim, no meio disto tudo, alguém há-de ter razão, o mais grave é que temos de pagar para ver quem ganha este "mind game" pré-eleitoral.

sábado, 18 de setembro de 2010

A candidatura alternativa de direita, o castigo a Cavaco Silva e a solução mais económica e mais penalizadora.

A direita portuguesa, em concreto alguns sectores da direita portuguesa, não se pauta pela racionalidade e pela inteligência política. Continua trauliteira, na senda do que de pior a extrema-esquerda instalou em Portugal e não tem projecto, ideias ou ideais.
A questão presidencial, e as críticas a Cavaco Silva, é o exemplo dessa ausência de estratégia e de ideias.
Alguns sectores da direita mais radical estão zangados com o Presidente da República e não se revêem na sua actuação. Têm toda a legitimidade para discordar e para expressar essa discordância. E têm, igualmente, legitimidade para “castigar” Cavaco Silva, dificultando a sua reeleição.
Mas será a apresentação de uma candidatura alternativa à direita, a solução para concretizar esses objectivos.
Um dos potenciais candidatos já explicou que lançar uma candidatura era complicado, por diversas ordens, nomeadamente por questões financeiras e por questões logísticas (intimamente ligadas às questões financeiras).
E a verdade é que uma candidatura, sem sentido, sem objectivos, a não ser o de “castigar” Cavaco Silva, estaria votada ao fracasso e a um resultado que dificilmente ultrapassaria um cento (já com muito boa vontade).
Por isso, se a direita está, efectivamente, zangada com Cavaco Silva, tem uma alternativa mais económica e mais “castigadora” para o recandidato: votar em Manuel Alegre, obrigando Cavaco Silva a uma segunda volta e destruindo a tese de que as eleições presidenciais irão ser um passeio para actual Presidente.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Em nome da Justiça

O ex-Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues, dizia que não era a justiça que estava em crise, mas sim a sociedade. Concordo, plenamente, com esta ideia, uma vez que a sociedade portuguesa desceu ao patamar zero da vida em colectividade, desde a vertente social à económica, passando pelo ensino e pela cultura.
O baixo nível da programação televisiva, é um dos exemplos que comprovam esta asserção, como resulta da análise dos programas com maior audiência e, ainda ontem, tivemos quatro canais, sendo um deles público, a discutir o despedimento de Carlos Queiroz, num quadro em que os despedimentos de trabalhadores que auferem os salário mínimo é uma realidade recorrente.
As escolas estão no estado lastimável, que todos sabemos, com mau aproveitamento escolar e com um manifesto desrespeito pela função do professor.
De cultura é melhor não falar, uma vez que a iletracia reinante afasta a generalidade da população afastada da leitura e dos eventos culturais.
Salvava-se, segundo Cunha Rodrigues, a Justiça, que ainda era o sector que mantinha a consistência, neste quadro de derrocada social.
Os tribunais eram respeitados, os juízes também e os portugueses acreditavam que, o bastião seria impugnável.
Os últimos tempos arrastaram a justiça para o epicentro da crise, com sondagens, que valem o que valem, a colocar a Justiça abaixo dos políticos.
O que está em crise, por mais voltas que se dê para o negar, é a, aparente, credibilidade da justiça, perante a incapacidade de resposta, em tempo útil, de alguns casos de relevância social, deixando os cidadãos apreensivos, ainda para mais num tempo mediatizado, on-line, em tempo real.
Neste quadro de incertezas, seria bom, para o retomar da justiça, como referencial de segurança, que todas estas situações fossem rapidamente esclarecidas. A justiça é a última das garantias do Estado de Direito.

sábado, 11 de setembro de 2010

09112001

Faz hoje nove anos, estava num debate instrutório do Tribunal de Instrução Criminal de Coimbra. Tinha chegado, no dia anterior, de Maputo, onde participara na FACIM.
Quando acabei a diligência, entrei no carro, liguei o telemóvel e o telefone tocou, de imediato. Era a Ana Pereira (que mais tarde partiu para Nova Iorque e fez um excelente trabalho jornalístico sobre os acontecimentos posteriores) aterrorizada, a dizer que estavam a cair aviões em Nova Iorque.
Sintonizei, de imediato, a TSF e fui tomando noção do que se estava a passar, do ataque bárbaro lançado por radicais islâmicos e que atingiu os Estados Unidos, mas fundamentalmente matou milhares de cidadãos inocentes.
Senti-me, como certamente milhões de pessoas por todo o Mundo, indefeso perante circunstâncias derivadas de um radicalismo sem sentido.
Depois desse dia, o Mundo mudou, a conflitualidade implodiu e a crise económica e financeira entrou, sem barreiras, por todo o lado. Os radicalismos, apesar disso, continuaram vivos e cada vez mais agressivos.
Estes nove anos foram tempos de mudança e de transformação da sociedade, mas continuamos sem saber para onde vamos.
E, nesta indecisão, nesta ambiguidade, o Mundo não para, mas continua numa deriva sem sentido.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Citações

Lao Tse dizia “ ao governar, o sábio esvazia a mente do seu povo, à medida que lhe enche a barriga e lhes fortalece os ossos, a sua vontade enfraquece, pelo que mantém, sempre, o povo isento do conhecimento e livre do desejo, para que o inteligente nunca ouse agir”.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A "janela de oportunidade" e os tontos.

A “janela de oportunidade” para o Presidente da República dissolver a Assembleia da República termina amanhã.
Meia dúzia de “tontos” andaram embevecidos com esta possibilidade, a chamada possibilidade impossível, e tiveram sonhos de poder, fizeram distribuição de cargos, de chefes de gabinete e de motoristas. Até já havia administradores para as empresas públicas e um amplo movimento de reconstrução do País que, qual gabinete de salvação nacional (lembram-se desta época de “terror”) iria levar Portugal para o primeiro lugar de desenvolvimento económico, acima da Alemanha.
Esqueceram-se de apresentar um plano de desenvolvimento, de dizer quais as áreas em que Portugal iria apostar, mas isso revelava-se, manifestamente, secundário.
O que importava era a “janela de oportunidade”. Tinham um projecto para o País: não. Mas para quê ter um projecto se “Deus faz entrar pela janela o que deixa sair pela porta”.
É evidente que Portugal não pode continuar como está e que o corte na despesa pública é uma exigência nacional. E o corte deve ser efectuado na despesa desnecessária e não na despesa social.
A redução da despesa com os gabinetes, a redução da despesa corrente, o fim dos contratos, sem concurso, com as sociedades de advogados para fazerem um trabalho que pode e deve, em nome da transparência, ser efectuado pelo Ministério Público, o fim dos Governos Civis, a redução do número de autarquias, de empresas municipais, a racionalização da gestão dos hospitais, enfim, só com estas pequenas coisas, o défice levaria um profundo golpe.
É evidente que, para além de cortar na despesa é preciso criar riqueza para obter receita fiscal, sem ser à custa do aumento intolerável dos impostos.
Mas para isso é preciso ter uma ideia para Portugal, o que, os defensores da “janela de oportunidade” comprovaram, até este momento, não possuir.

domingo, 5 de setembro de 2010

A biografia de Salazar, a pobreza de um País e o regresso à lucidez de Vasco Pulido Valente

Num tempo em que a direita portuguesa confirma ser ultramontana a passadista e em que se tentou retomar a ideia de Salazar como um estadista de referência, foi publicada uma biografia - escrita por Filipe Ribeiro de Menezes - que mereceu, e bem, a análise crítica de Vasco Pulido Valente, que parece ter retomado a lucidez que se lhe escapava nos últimos tempos.

O Portugal de Salazar era pobre, triste, subdesenvolvido e completamente atrasado em relação ao Mundo.

É verdade que continuamos mal, com uma crise económica profunda, uma taxa de desemprego elevada, uma justiça incapaz de perceber os tempos mediáticos - apesar dos avisos de Cunha Rodrigues - e um problema estrutural, como refere Medina Carreira.

O nosso grande défice é estrutural, o que causa o défice financeiro, ou seja, não temos criação de riqueza que possa gerar receitas, sem uma carga fiscal excessiva.

E, como gastamos mais do que produzimos, por força de um consumismo desenfreado do Estado e dos privados, chegamos a um ponto em que a bem, ou a mal, as instâncias internacionais nos imporão medidas para acabar com a "festa, que estava bonita, pá", como canta Chico Buarque da Holanda.

Mas, a verdade, por muito que custe a esta direita que ainda se mantém no século passado, uma boa parte da responsabilidade deriva da incapacidade e do medo de Salazar em desenvolver o País. Porque, para ele, desenvolvimento, implicava a possibilidade de perder o poder.

Que isto, o medo de perder o poder e as suas consequências, seja um ensinamento para uma classe política, que não tendo grande qualidade, pelo menos vive em democracia, mesmo que mitigada.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Moçambique

Gosto de Moçambique, do seu povo e da tranquilidade que senti nos dias que lá passei, apesar de se perceber que as desigualdades eram enormes e que o fosso entre a maioria do povo e a classe média e média-alta era enorme.
Com a crise internacional, tornava-se inevitável que alguma coisa poderia acontecer nos países mais pobres e, em concreto, em Moçambique.
É nestes momentos que a comunidade internacional deve actuar, pois o povo moçambicano, mesmo que por erro dos seus governantes, não pode ser penalizado. O nível de pobreza é grande, e o agravamento do custo do pão, do arroz e da água, abrem o caminho à fome.
Espero que os apoios a Moçambique, para além do investimento e a criação de postos de trabalho, passem, igualmente, pelo combate à fome e às profundas desigualdades sociais.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Francisco Louça e a aliança táctica com a direita.

Manuel Alegre até poderia ter possibilidade de ganhar a Cavaco Silva na segunda volta das eleições presidenciais. Mas Francisco Louça, aliado "secreto" do Bloco Central, porque é o que dá fulgor ao seu verbo demagógico, tratou de arrumar a questão e entregou a vitória, em bandeja de prata, a Cavaco Silva.
Manuel Alegre só tem uma solução, descolar do Bloco, antes que seja tarde. Na verdade, o candidato Manuel Alegre não pode esperar "fidelidade" de Louça, porque uma vitória de Alegre, nas presidenciais, seria a derrota do Bloco de Esquerda e de Louça, em especial. Daí o empenho de Louça em matar, na "reentrada" política do BE, a candidatura de Manuel Alegre.
Objectivamente, Louça transformou-se no mais recente aliado de Cavaco Silva e da direita, porque sem esses "inimigos" o BE perde a capacidade de crítica demagógica que anima as hostes bloquistas.

sábado, 28 de agosto de 2010

A nova política de solos e a necessidade de uma discussão transparente e objectiva, sem cedências aos interesses.

Em 1974 escrevi um texto que enviei para o Expresso – e que não mereceu ser publicado – no qual abordava a problemática dos solos e da habitação.
Nesse texto sugeria algumas medidas que se encontram, segundo as notícias que li, vertidas na proposta de lei do governo para a nova política dos solos.
Não digo isto para que se pense que me estou a auto-elogiar, mas para dizer que Portugal perdeu cerca de trinta e seis anos até haver coragem, e vontade, para discutir uma política de solos, depois da prática de actos criminosos ao longo destas décadas.
O que se espera, agora, é que a discussão seja transparente, séria e objectiva, sem cedências aos interesses que têm descaracterizado o nosso País e que desordenaram o território ao ponto de, em alguns locais, só a implosão poder repor a normalidade.
Se a proposta de lei for meramente táctica, se não houver uma discussão objectiva e se os interesses prevalecerem, voltamos a hipotecar o futuro em nome de uns trocados.
Tal como no passado trocámos a construção de uma economia forte pelo sonho das especiarias, a continuarmos assim, trocamos o futuro por um País de cimento.

Golpe publicitário de mau gosto!

Li, hoje, que, afinal, a história do restaurante "canibal" não passaria de um golpe publicitário. A única coisa que se pode dizer é que, mesmo para "golpe publicitário", é de muito mau gosto e revela a "anormalidade" a que se chegou.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando se pensava que o homem já não podia descer mais baixo na sua condição humana, aqui está a prova do contrário

"Um restaurante brasileiro que vai abrir brevemente em Berlim despertou a curiosidade, mas também a indignação, ao anunciar na sua campanha publicitária que procura doadores para oferecer especialidades canibais aos clientes".
Ao ler, e ouvir, esta notícia ainda pensei que estivessem a brincar. Mas parece que é mesmo a sério e que, no País da Senhora Merkel, a degradação humana vai bater outra barreira na sua descida aos infernos. Os princípios fundadores da democracia, o respeito pela integridade da vida humana, o combate à barbárie curvam-se perante um "energúmeno" que procura ganhar dinheiro com a comercialização de carne humana.
Mas, mais grave ainda, é a possibilidade de haver "clientes" que queiram frequentar este "inferno". Sem esquecer a, aparente, passividade das autoridades alemãs.

domingo, 22 de agosto de 2010

O Rei do Gelo

"Quem se rende ante a primeira adversidade e não luta até ao último alento, não será nunca um herói, nem na guerra, nem no amor, nem nos negócios" (Frederic Tudor, 1785-1884).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O descobridor!

José Manuel Fernandes descobriu, agora, que se aproxima o fim do regime. O grave é que já se verificava essa situação quando ele apoiou a brutal invasão do Iraque pelos Estados Unidos.
O regime global estava a dar os últimos sinais de vida e uma nova ordem internacional a nascer, provocada pela intervenção criminosa e terrorista dos Estados Unidos, apoiada por comentadores políticos alinhados por aquele País.
José Manuel Fernandes é, quer queira quer pretenda fugir a essa responsabilidade, um dos co-responsáveis desse triste final da ordem internacional e da crise política, financeira e social que implodiu após a guerra do Iraque!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

As festas de reentrada política e as romarias populares

A "chamada época de verão" serve para dar às primeiras páginas dos jornais, as férias dos "famosos" - alguns deles de duvidosa fama e ainda de maior duvidosa capacidade intelectual - assim como os tradicionais comícios de reentrada - o que quer que isto queira dizer - nos quais os partidos políticos, aproveitando o calor de Agosto, lançam ideias "frescas" para o outono que se aproxima.
O curioso disto tudo, para além do ritualismo serôdio ( para não lhe chamar saloiice nacional) de algumas dessas festarolas, tem a ver com a ideia, que os militantes e os jornalistas alimentam, de que os políticos, que ao longo do ano, ou de anos sucessivos, não têm uma ideia ou um projecto para o País, se inspirem no "calor" da festa e da "reentrada" para dizerem algo de novo. O que seria deveras estranho, quando alguns deles já se encontra no poder há longos anos.
A verdade é que as festas de "reentrada" política estão ao nível das romarias populares e das festas religiosas que se espalham pelo País. Ou seja, apenas por fé partidária, ou porque se sente o poder a chegar ou a partir, é que essas "reentradas" têm mais ou menos gente.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Incêndios, factos e propostas de prevenção e combate

Falar de incêndios, num tempo em que já faleceram alguns bombeiros, na defesa do nosso património colectivo, deve obedecer a um critério objectivo e daí partir para algumas sugestões, de entre as quais algumas que são, por demais, evidentes.
Primeiro vamos aos factos: A base de dados nacional de incêndios florestais contabiliza entre Janeiro e Julho de 2010 um total de 8.753 ocorrências (1.390 incêndios florestais e 7.363 fogachos) que resultaram numa área ardida total de 19.346ha, entre povoamentos (7.919ha) e matos (11.428ha).
A onda de calor que se fez sentir essencialmente na última semana de Julho contribuiu para o acréscimo de área ardida registado, muito embora os valores se mantenham bem abaixo da média dos últimos anos.
Analisando o histórico, entre 2000 e 2010, do total de ocorrências e área ardida, até 31 de Julho, verifica-se que no presente ano os valores do número de ocorrências são inferiores aos registados nos anos anteriores, à excepção de 2007 e 2008. O número de ocorrências registado em 2010 representa 76% da média do decénio (-2.779 ocorrências) e o total de área ardida, para o mesmo período, aproximadamente 40% da média dos 10 anos anteriores (-29.638ha).
Dados os números, oficiais, e que podem ser sujeitos ao contraditório, vamos arriscar sugestões para a prevenção de incêndios: a limpeza, obrigatória, das florestas, públicas e privadas, com recurso às forças armadas, ao voluntariado, aos presos, ao trabalho comunitário. E não faço distinção entre públicas e privadas, porque a floresta é um património de todos os nós, independentemente da titularidade jurídica das mesmas.
Outra acção de prevenção, fundamental, passa pelo reordenamento, sério, objectivo, sem concessões às pressões de ninguém, da floresta e a uma reflorestação própria de cada zona e potencialmente desmotivadora de actos incendiários.
No plano legislativo, já existem medidas de carência quanto à edificação em áreas ardidas. Mas, apesar de muitas vezes esta ser uma das capas para justificar actos incendiários, talvez não passe disso mesmo, além de ser apenas necessário cumprir a lei.
Outra das medidas, essencial, para a prevenção e para o combate aos incêndios, passa pela racionalização, gestão e coordenação dos meios ao dispor das corporações de bombeiros e pela aquisição pelo Estado de aviões e helicópteros, para combate aos incêndios, dando horas de voo aos pilotos da força aérea, acabando com a despesa, brutal, do aluguer, a privados, desses meios.
E com a vantagem de os meios, sob a direcção de comando da força aérea em colaboração com a estrutura de protecção civil, poderem ser muito mais eficientes.

sábado, 7 de agosto de 2010

Um pouco de serenidade faz falta.

Vejo com preocupação a crescente litigância no Ministério Público, que parece não parar, nem haver ninguém, com um pouco de bom senso, para dar o primeiro passo para que se acalmem os ânimos.
Rui Rangel, já disse que "os juízes não podem ser culpados pelas trapalhadas do Ministério Público" e, a verdade, é que as confusões se verificam num dos sectores da justiça que tinha um manto branco como o linho.
Ao longo dos anos, criou-se a ideia, possívelmente errada, que os elementos do Ministério Público eram infalíveis, autênticos super-homens e super-mulheres, verdadeiramente imaculados e ungidos.
Em meia dúzia de dias toda essa ideia ruiu, como um castelo cartas e abriram-se brechas, terríveis, para o Minsitério Público.
Talvez fosse tempo de prevalecer a serenidade, se repensasse o que está em causa, se colocasse termo à luta pelo controlo da Procuradoria e da investigação criminal e se lembrassem que vivemos num Estado de Direito.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Entorses à realização da Justiça

O sistema de justiça português tem duas entorses que o condicionam e que todos têm medo de questionar, com excepção de José Manuel Fernandes no seu artigo publicado, hoje, no Público: o sindicato do ministério público e a associação sindical dos juízes.
É evidente que existem outras condicionantes à realização da justiça e às boas práticas na administração da justiça. Mas essas têm a ver com outras questões, nomeadamente com a “diarreia” legislativa, a má preparação das reformas processuais e um conservadorismo “saudosista” do anterior regime, que condiciona toda a nossa estrutura administrativa e de justiça.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Sindicato do Ministério Público, o PGR, e o glorioso mundo de Kafka

O contra-ataque do Sindicato do Ministério Público ao Procurador-Geral da República é o sinal evidente do estado de putrefacção a que chegaram as nossas instituições.
Desde o tempo de Cunha Rodrigues que a luta pelo poder na estrutura do Ministério Público não era tão evidente, nem tão frontal, uma vez que o ex-PGR dirigia com "mão de ferro" a procuradoria.
Com a excessiva mediatização da justiça, a fraqueza do poder político e os sucessivos escândalos que envolvem figuras públicas e instituições financeiras, tradicionalmente acima de qualquer suspeita, sobressaiu o poder do Ministério Público e de alguns procuradores titulares dos casos mais "quentes", assim como o "poder de intervenção" da estrutura sindical, em contraponto com a incapacidade dos procuradores-gerais se imporem e exercerem os seus poderes, consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Chegamos a um ponto de total descrédito na Justiça, fundamentalmente na Justiça criminal, e em quem dirige a investigação.
A sensação do cidadão, normal, é de que o glorioso mundo de Kafka está todo aí, num imenso esplendor, em que os encenadores são os procuradores e os actores/vítimas os cidadãos, os políticos, os empresários, todos os que, por qualquer motivo, caiam nas teias do processo penal.
No meio deste lamentável confronto existem duas possibilidades: ou se muda, mas muda mesmo tudo, para que não haja "guerra" no Ministério Público ou se mantém tudo na mesma, fingindo que se muda.
Uma coisa é certa, quem hoje defende o "situacionismo", amanhã vai queixar-se deste estado de coisas. Enquanto a definição de uma das mais importantes estruturas do Estado de Direito andar ao sabor das sondagens e da luta pelo poder, vai manter-se tudo na mesma e o poder factual irá manter-se na "mão" de quem não é sufragado pelos cidadãos eleitores.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

O PGR, a Rainha de Inglaterra, a Corte e os Bobos

Pinto Monteiro declarou, sem "papas na língua", que era como a Rainha de Inglaterra e que o Sindicato se contituiu num pequeno partido político.
Marinho Pinto declarou que os poderes do PGR eram menores do que os da Rainha de Inglaterra.
O PS admite rever a Constituição quanto à redefinição dos poderes do PGR e à autonomia do Ministério Público. O PCP quer que tudo fique na mesma. Paula Teixeira da Cruz entende que o Ministério Público deveria ser independente.
Já agora, e a título de curiosidade, gostaria de saber quem, no nosso País, faz parte da Corte da Rainha, porque os "Bobos", já sabemos, somos nós.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A vida é tramada.

A vida é isto, a partida diária de quem marca a diferença ou de quem nos marca pela sua intervenção social e cultural.
Em três dias, partiram duas pessoas que foram uma referência na cultura e na sociedade do nosso País.
Infelizmente, são cada vez menos aqueles que fazem a diferença e daí ser maior o sentimento de perda.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Lamentavelmente a "direita" portuguesa continua prisioneira de tiques passadistas

A Bernstein Reserch, na nota de investimento que elaborou quanto ao negócio da PT/VIVO, chega à conclusão que a "Portugal Telecom estruturou um excelente negócio no Brasil, que é melhor do que parece".
Lamentavelmente, a "direita" portuguesa continua afastada da realidade e a viver no passado, reforçado por algumas sondagens que ditaram uma arrogância precipitada.
Pior ainda, é ver pessoas inteligentes persistirem em manter uma posição liberal, estreita e curta, só para não reconhecerem a vantagem de um negócio que interessa ao País.
Ainda para mais quando Portugal precisa de encontrar pontos de referência para a criação de riqueza e de desenvolvimento, que não passe, apenas, pela mera prestação de serviços que, diga-se, ainda são de má qualidade.
A queda nas sondagens de Passos Coelho e do PSD deveria servir para que os social-democratas fizessem uma paragem na "cavalgada" para o poder e repensassem o futuro.

As fusões esperadas

A OPA do Montepio Geral sobre o Finibanco era expectável, estando apenas dependente do momento certo.
Estou convencido que as fusões no sector bancário e segurador não vão ficar por aqui e que o Montepio Geral prepara-se para surpreender o mercado, após assimilar o Finibanco.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O pior cego é o que não quer ver...

O pior cego é o que não quer ver e não é preciso ler Saramago para perceber esta realidade. E, infelizmente, por cegueira ou por irredutibilidade, alguns continuam a não admitir que a posição do governo, quanto à utilização das "acções douradas", foi a mais correcta para os interesses da PT, dos accionistas e do nosso País.
Só uma concepção saloia do lucro fácil e rápido, pode admitir que a venda da VIVO, por 7.150 milhões, teria sido uma boa opção.
Porém, o desfecho do negócio veio comprovar que, além do preço ter aumentado, a PT mantém uma posição numa empresa brasileira, podendo continuar a apostar na internacionalização e no desenvolvimento tecnológico.
O mercado, internacional e nacional, deu razão a esta estratégia e até Fernando Ulrich, que é crítico de José Sócrates, acabou por dizer que a actuação do governo foi a melhor.
Talvez fosse tempo, neste período estival, que alguns deixassem de pensar na distribuição dos cargos no "novo governo" e percebessem outras coisas e outras realidades.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A SIC e o vale tudo, inclusive tirar olhos.

Sou defensor, intransigente, da presunção de inocência, mesmo perante situações que possam consubstanciar, de forma clara e evidente, a culpa da prática de um acto punível criminalmente.
Com a aproximação do dia da sentença quanto ao chamado "caso Casa Pia", a SIC, em concreto, tem vindo a lançar uma inadmissível pressão sobre a justiça, com entrevistas aos arguidos, por forma a criar, na opinião pública, a ideia de que se a decisão do tribunal lhes for desfavorável, é errada e injusta.
Além de ser uma acto vergonhoso, para uma estação que se pretende paladina da transparência e da isenção, é profundamente discriminatório para com outros arguidos, de outros processo, que não possuem acesso aos meios de comunicação social.
A SIC ainda vai a tempo de repensar este comportamento e mudar de atitude. Se o fizer demonstra bom senso, se não o fizer, confirma que para obter audiência vale tudo, inclusive tirar olhos.

domingo, 25 de julho de 2010

Alguma coisa não bate certo...

A loja da Disney, em Lisboa, é a que mais vende no universo Disney, na Europa. Por isso temos de nos interrogar: ou, afinal, temos uma classe média pujante (contrariando o que afirma Medina Carreira) ou temos uma vasta classe alta, que gosta de oferecer aos seus filhos produtos da Disney, ou isto não está tão mal como dizem. Resta outra hipótese, a total inconsciência de um povo “imbecil”, que merece aquilo que tem.

sábado, 24 de julho de 2010

Madaíl, Queiroz e os rastejantes.

A situação de Carlos Queiroz deveria constituir um “caso de estudo” do comportamento de Gilberto Madaíl.
O presidente da FPF, instituição que vive à margem da lei, uma vez que perdeu o estatuto de utilidade pública, facto que pode, inclusive, inviabilizar a participação da arbitragem portuguesa em competições internacionais, é uma personalidade que está a mais no desporto em Portugal.
Sem hipocrisia, poder-se-ia dizer que Madaíl representa tudo o que de negativo existe no futebol do nosso País, tudo o que de mais “rasteiro” polui a vida política, enfim, é uma tumefacção da vida pública.
Na questão Carlos Queiroz, mais uma vez, Madaíl comprova o seu modo “rastejante” de estar na vida.
Primeiro celebra um contrato, ruinoso para a FPF, com um técnico que não passa de um bom adjunto. Depois, apesar do descalabro da actuação da selecção, ainda lhe paga um chorudo prémio por ter passado aos oitavos de final. A seguir, apesar de ser evidente que Carlos Queiroz não reunia as condições para continuar, mantém a confiança no seleccionador para evitar ter de pagar uma elevada indemnização.
Agora, a reboque de um processo disciplinar, quer aproveitar para se ver livre de Queiroz, sem sujar as mãos.
Sempre na sombra, disfarçado, ausente, fugidio, mas sempre à espreita de uma oportunidade para alcançar um fim.
Já agora, não nos podemos esquecer que Madaíl foi governador civil de Aveiro, no tempo do governo de Cavaco Silva e que chegou à FPF através da política.
Por último, Carlos Queiroz se tivesse um pouco de vergonha, apresentaria a demissão e evitaria mais uma vergonha para o futebol português.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"A curiosidade matou o gato..."

Eu sei que não devemos ser curiosos, até porque "a curiosidade matou o gato", mas confesso que estou imensamente curioso por ver as sondagens efectuadas depois da apresentação das propostas de revisão constitucional do PSD.
Eu sei que, todos dizem o mesmo, ninguém se preocupa com sondagens e que nos últimos actos eleitorais tem havido um estrondoso falhanço das previsões, mesmo das que são feitas à boca das urnas.
Mas, perante tudo o que foi dito quanto à proposta do PSD, o resultado das sondagens pode ser interessante, para uma análise política e sociológica.
Se o PSD descer é o reflexo das críticas que foram feitas às propostas apresentadas. Se o PSD se mantiver, é sinal que os portugueses até aceitam que se mude o texto constitucional e que estão, definitivamente, fartos do PS.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Eu jurei a Constituição!

Cavaco Silva, que não comenta questões de ordem interna nas visitas de Estado, declarou, de forma clara, que jurou a Constituição.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sim, talvez, nem pensar, tudo num jogo de sombras que de chinesas nada possuem

A proposta de revisão constitucional agitou as ondas do marasmo político que se vive no nosso País, num tempo de Verão, com as presidenciais no horizonte.
Todos sabem que a revisão constitucional só é possível com uma maioria de dois terços, pelo que qualquer proposta terá, sempre, de ser suficientemente elástica para permitir um consenso sobre o âmbito da revisão.
Por isso, não entendo a preocupação, nem o histerismo que se instalou: a CRP só será revista se o PSD e o PS quiserem e dentro de um quadro que seja aceite pelos dois partidos.
Neste momento, o PS não quer e o PSD quer marcar a agenda política, alimentar o vazio do Verão e promover as suas iniciativas de modo a que o partido não fique "suspenso" das presidenciais e até às presidenciais.

sábado, 17 de julho de 2010

Só para recordar

Em 31 de Maio de 2010 escrevi o seguinte: "O sistema português é bastante mais democrático, com a eleição por voto directo e universal dos eleitores e, deste modo, o cargo presidencial sai reforçado.
A questão conexa tem a ver com a vertente do regime: se deve ser presidencial ou semi-parlamentar (ou semi-presidencial, consoante o critério).
Este é um dos nós górdios do nosso sistema constitucional, como se verificou, agora, na decisão de Cavaco Silva sobre a Lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Por isso, discutir esta questão, mesmo em plena crise económica e talvez por força dela, não seja um tempo perdido."

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Benvindos à terra ou, como dizem os brasileiros, "caiam na real"

A relação entre uma das procuradoras responsáveis pela investigação e o responsável pela empresa que fez as perícias para o Ministério Público volta a trazer o caso dos submarinos para o centro da polémica, segundo uma informação avançada pela SIC .
Durante anos a fio, foi alimentada uma falácia que consistia em que havia dois tipos de cidadãos: os procuradores da República, puros e imaculados e os outros, com pecados sem fim.
Ao longo dos últimos anos verificou-se uma crescente desmistificação desta ideia e que, na realidade, os procuradores são homens e mulheres como os outros.
A notícia da SIC vem comprovar esta tese e acentuar a necessidade de repensar determinados conceitos, em que se ancorou toda a estrutura judicial portuguesa.
A par desta ideia convém realçar dois outros factos: primeiro, a procuradora Cândida Almeida, que foi uma procuradora corajosa em tempos difíceis, deixou de ter condições para dirigir o DCIAP; segundo, a protecção aos eventuais responsáveis pelo ruinoso negócio dos submarinos é um dos grandes mistérios da nossa democracia no século XXI.

A arrogância é má conselheira

Num tempo de incertezas, em que o Mundo muda a cada segundo, o pior que um dirigente político pode ser é arrogante. Pior ainda, se deixar que os seus pares sejam arrogantes. Porque isto de dar como certo uma coisa e já se começar a escolher lugares, é um erro que pode ser fatal.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Críticas com propostas, assim vale a pena.

Ontem disse que estava farto dos que criticam e nada fazem, ou seja, não apresentam soluções para a situação do País.
Hoje, por coincidência, tomei conhecimento de quatro propostas interessantes para Portugal. Nas jornadas parlamentares do PSD, Ernâni Lopes defendeu um corte de 15 a 20% do vencimento dos políticos e dos funcionários públicos.
No mesmo fórum Villaverde Cabral defendeu que o PSD apresentasse uma moção de censura ao Governo de forma a separar as águas e a redefinir o quadro de apoios nas eleições presidenciais.
Campos e Cunha, igualmente interveniente nas jornadas parlamentares do PSD, defendeu a possibilidade de a direcção dos partidos designar um ou dois deputados.
Deu como exemplo o facto de a direcção do PSD ter mudado de líder e este não poder confrontar o primeiro-ministro no Parlamento.
O ex-ministro de Sócrates apresentou ainda duas propostas interessantes, a remuneração da função política deveria ser calculada em função do último IRS, acrescida de 25%, o que permitiria que “quem não declarasse o IRS não ia para a política e também ninguém deixaria de ir para a política por falta de dinheiro”.
A segunda proposta, relevante, e uma das que maior impacto teria nas finanças públicas, diz respeito aos grandes projectos públicos, que deveriam passar pela Assembleia da República e o seu impacto avaliados no Orçamento do Estado no longo prazo.
Independentemente de se concordar ou não com estas propostas, são pontos de partida, sérios, para se mudar o País. A grande questão, a velha questão, passa, contudo, pela vontade política. Mas é nisto que se distingue o político de vão de escada do Estadista.

domingo, 11 de julho de 2010

Estou farto de gente que critica mas não apresenta soluções para Portugal

Talvez seja do calor, da cama de ozono ou simplesmente da falta de paciência, mas começo a estar farto de Vasco Pulido Valente, dos seus ódios de estimação e da sua soberba intelectual, misturada com alguns tónicos de má qualidade.
Comparativamente com António Barreto ou Medina Carreira, o homem é um zero completo, que se limita dizer mal de tudo e de todos, ou bem, consoante o dia e a disposição com que acorda.
Pulido Valente, um péssimo secretário de estado da Cultura e um inexistente deputado do PSD, não passa disso, de um nada, que a intelectualidade criou virtualmente e que não possui uma ideia ou um conceito para Portugal.
António Barreto e Medina Carreira, para não falar em outros, criticam, mas apresentam alternativas, ideias, soluções para o nosso País, que se afunda cada vez mais na mão de gente sem qualidade.
Até Joe Berardo, o comendador, tem uma ideia para Portugal, "privatização de tudo e recomeço". Podemos discordar mas é uma ideia, corajosa e frontal. O que Vasco Pulido Valente não é, nem nunca será, frontal e corajoso, porque se esconde atrás da sua soberba inqualificável.
Querem mesmo encontrar soluções para o País, para combater a crise e mudar Portugal? Então reforme-se a estrutura administrativa do Estado, reduza-se o número de deputados, o número de municípios e de freguesias, mude-se a lei eleitoral para as autarquias, com a redução do número de vereadores e de membros das Assembleias Municipais, das quais não devem fazer parte os presidentes de junta.
Inicie-se o Orçamento Zero, com todas as suas consequências, nomeadamente a de obrigar os serviços do Estado a trabalhar e a estudar os seus objectivos.
Mude-se a administração fiscal, por forma a que deixe de ser uma instituição tipo "cobrador do fraque", mas uma entidade séria, credível, que cobra impostos, mas não procura o engano para os cobrar.
Repense-se que País queremos ser. Objective-se os investimentos públicos, de forma racional, sem derrapagens e com responsabilização dos autores dos projectos e da fiscalização.
Mude-se a Justiça, sem cedências a interesses corporativos, acabe-se com as adjudicações directas aos grandes escritórios de advocacia, cuja promiscuidade com o poder político é verdadeiramente "mafiosa" (veja-se como foi montada a operação Telefónica). Até porque o Ministério Público deveria assegurar a representação do Estado, em todas as circunstâncias. Seria mais barato e mais confiável.
Opte-se por soluções simples para a realização da Justiça, sem perda das garantias constitucionais. Porque, ao contrário do que dizem alguns procuradores e os políticos de direita e de extrema-direita, é possível fazer Justiça, sem perder os direitos e as garantias constitucionais.
Tudo isto é difícil? É sim, mas se fosse fácil não tinha piada. O pior é que quem pode mudar o País são aqueles que se instalaram no poder e o sugam despudoradamente. No entanto, talvez devam começar a pensar que os cidadãos estão fartos de os aturar e que, um dia destes, a bem ou mal tudo muda.



sexta-feira, 9 de julho de 2010

O "SOL" e as boas práticas do jornalismo.

O semanário "SOL" diz que Queiroz disse o que o próprio declara que não disse. Creio que o que Queiroz pensa de Madaíl é indiferente, porque tudo o que ele possa pensar, muitos portugueses já pensaram.
A questão de fundo, neste caso concreto, diz respeito ao tipo de jornalismo que o "SOL" vem praticando nos últimos tempos.
O director do semanário foi uma das referências incontornáveis do jornalismo português, enquanto director do "Expresso".
Tentou, sem êxito, criar um semanário que concorresse com o "Expresso" e falhou estrondosamente.
Viu os capitais partirem e aliou-se a capitais angolanos, o que não é ilegal, nem contrário às boas práticas jornalistas.
Mas, para tentar ganhar quota de mercado, iniciou um tipo de jornalismo comparável ao do "finado" 24 Horas, o que é um erro estratégico, inadmissível, para quem, como ele, sempre soube dizer sim e não no mesmo artigo.
Se continuar por este caminho, iremos assistir ao fecho de mais um jornal, porque os capitais de Angola não estarão receptivos a participar num projecto cada vez mais falhado.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O PEC as taxas de justiça e as novas prisões.

Segundo o Ministro da Justiça, o PEC obriga a aumentar as taxas de justiça e a adiar investimentos em prisões. Esta questão obriga a duas reflexões: quanto às taxas de justiça, já estão tão caras que qualquer alteração vai impedir o acesso ao Direito e à Justiça a um maior número de pessoas. Pode ser uma das formas de reduzir os processos nos Tribunais, mas uma forma violadora dos princípios constitucionais.
Quanto ao investimento nas prisões, talvez fosse bom lembrar que o Estado já alienou pelo menos dois estabelecimentos prisionais e que, caso não entregue esses espaços aos investidores, irá pagar elevadas sanções, ou melhor, uma renda elevada. Se demorar muito tempo, o dinheiro recebido pela venda será devolvido aos compradores em rendas. É o que se chama um "negócio da china" ou um negócio ruinoso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ricardo Salgado, Marcelo Rebelo de Sousa e o torneio de Wimbledon

O ataque de Ricardo Salgado a Marcelo Rebelo de Sousa é estranho e, simultâneamente, curioso. Além de descabido, porque podemos estar no torneio de ténis de Wimbledon e saber o que se passa no País. A não ser que Ricardo Salgado desconheça as novas tecnologias e daí pretender vender a VIVO. O comentador da TVI limitou-se a dizer uma evidência, que os empresários portugueses não possuem uma visão estratégica de futuro. Tal como no passado, os Reis portugueses se limitaram a colher os benefícios das especiarias e do ouro, sem se preocuparem com o investimento em Portugal, os nossos empresários só vêem o umbigo e o lucro imediato. A criação de riqueza, o investimento a médio e longo prazo é uma maçada. Este é um dos grandes problemas do nosso capitalismo. Marcelo Rebelo de Sousa disse-o de forma clara. É evidente que muita gente não gosta de ouvir certas verdades.

sábado, 3 de julho de 2010

O tempo político (artigo publicado em 24 JULHO 07 no Primeiro de Janeiro mas que me parece, cada vez mais, actual)

O tempo político não é, infelizmente, aquele que se ambiciona, mas o que o próprio tempo dá aos interventores na vida política.
Por isso, por ser irreal imaginar um futuro sem que se tenha capacidade de controlar todas as envolventes que o podem condicionar, é que eu discordo da forma como alguns políticos gerem as suas carreiras e os seus tempos.
Esta concepção firme, que os factos consolidam, afasta-me do “famoso” conceito do “stop and go” que os políticos copiaram, mal, da economia e que utilizam de forma descontextualizada e sem um perfeito conhecimento da realidade, do País em que vivem e das condicionantes que motivam, a cada momento, os cidadãos.
A esta errática forma de estar na política acresce um outro factor que tem a ver com a ausência, total, de um pensamento político estruturado, ou seja, de um projecto para o País assente em ideias e em propostas que representem o estudo aprofundado das várias vertentes que, transversalmente, nos dão a dimensão e a visão panorâmica da nossa sociedade.
A política é, como se sabe, a arte de governar, mas não pode ser a arte de um dramaturgo de quinta classe ou de um actor frustrado, sem carreira.
Como tal, a regeneração da política, que os cidadãos exigem, por enquanto pelo silêncio da abstenção e qualquer dia pela agitação social, violenta e sem controlo partidário, passa, inquestionavelmente, por actores de primeira água, por autores de excelência e por ideias, projectos, soluções globais e interactivas para as questões sociais, culturais, educacionais, económicas e de cidadania, que se encontram em profunda crise.
Este é o desafio a vencer e que pode evitar o descalabro de uma classe política em queda e dilacerada por questões menores.
A política portuguesa precisa de um rejuvenescimento dos seus actores principais, porque alguns deles andam há tempo demais a dizer a mesma coisa, sem que nada façam de novo ou retirem lições dos erros do passado.
E, quando falo em rejuvenescimento não me refiro à faixa etária, porque alguns dos “jovens” da política já são mais idosos do que o famoso “Matusalém”.
A idade mental, a abertura a um novo mundo, a novas realidades sociais e política, a um século XXI em permanente transformação, é o elemento chave de afirmação da classe política que pode mudar Portugal.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um País virtual, com uma administração fiscal que cria ilusões de receita.

A Administração Fiscal anulou ou deixou prescrever 5,3 mil M€ em impostos desde 2006 (a que corresponde 3,2% do PIB a preços do ano passado) , ou seja, a mais de metade do valor do ano anterior. Destes valores (56% ou 3 mil M€) respeitam a prescrições. A Conta Geral do Estado relativa a 2009 revela que o Fisco anulou dívidas fiscais no valor de 560,5 milhões de € e declarou prescritos outros 572,6 milhões.
Tudo isto é fruto da incompetência da máquina fiscal que faz liquidações virtuais, mesmo sabendo que não tem razão. Deste modo cria-se a ilusão de que existe receita, o que é falso. Faz-me lembrar os sucessivos desaires do MP sempre que deduz acusação por associação criminosa e que raramente consegue provar, mas que utiliza para alargar os prazos da investigação.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Finalmente abriram os olhos!

Confesso que pensava que estava só nas críticas ao Carlos Queiroz. Afinal, os comentadores do regime, depois de perceberem que o seleccionador está em queda, atiraram-se a ele como "gato a bofe" e abriram o livro da total incapacidade de Carlos Queiroz para dirigir a selecção.
E, tal como se previra, relembraram que um dos directores da FPF responsável pela selecção já tinha um passado ligado à vergonha de Saltillo.
Estas são as tristes realidades de um conjunto de pessoas, para não lhes chamar outra coisa, que controlam a FPF e que estão agarrados ao poder como lapas.
A derrota na África do Sul pode ter sido o princípio do fim de uma clique nefasta para o futebol português. Só se espera que haja coragem para agir.

País pequeno, de gente pequena!

Somos, efectivamente, um País pequeno, de gente pequena, invejosa, triste, que vive bem com o mal dos outros e com a crítica maldosa e venenosa aos que conseguem algum êxito.
O caso Ronaldo é um dos exemplos da nossa pequenez colectiva e da manipulação fascizante de alguns.
Ronaldo jogou mal no Mundial da África Sul. É uma verdade inquestionável. Mas já alguém se interrogou porque é que o jogador faz boas exibições nos seus clubes e mesmo na selecção de Scolari e é um "flop" com Carlos Queiroz?
Na sequência da má exibição de Ronaldo abriu-se, ou melhor, escancarou-se a porta da inveja, com violentas críticas de jornais espanhóis, argentinos, ingleses e norte-americanos, críticas essas empoladas por jornalistas portugueses que não perdoam a Ronaldo ser um enorme jogador e ter sido formado no Sporting.
O "fascismo" corporativo que domina o jornalismo desportivo português soltou-se, saiu do armário e atacou forte e feio um jogador que, talvez não tenha feito o seu melhor, mas que não é o único culpado do descalabro na África do Sul.
Mourinho, que mais dia menos dia será a próxima vítima da inveja desta gente pequena, viu-se obrigado a lembrar que Simão falhou e que Carlos Queiroz não assumiu as suas responsabilidades, face ao silêncio do presidente da FPF e de toda a estrutura directiva.
Eu, se fosse o Cristiano Ronaldo, não voltaria a selecção, enquanto lá estivesse esta gente e os jornalistas não lhe pedissem desculpa.

O segundo jogo entre Portugal e a Espanha vai para prolongamento.

Afinal, o segundo jogo entre Portugal e a Espanha vai para prolongamento. O Governo usou "as acções douradas" e inviabilizou que a Telefónica ganhasse no tempo regulamentar.
Vamos ver o que diz a Comissão Europeia e quanto tempo resiste o executivo português à pressão de Bruxelas.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Duas vitórias, seguidas, de Espanha sobre Portugal.

Hoje, Portugal está deprimido com a derrota com a Espanha, em futebol, a que se vai seguir, muito provavelmente, a derrota da PT com a Telefónica.
Se, no primeiro caso é possível apontar responsáveis, que se dividem de acordo com a cor clubista, no segundo caso a questão é bem mais simples, é apenas dinheiro e a tradicional mania portuguesa de ver o imediato em troca do futuro.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Deitar o dinheiro à rua, armados em ricos.

A ser verdade, que entre as escolas que vão encerrar, o Estado Português, com os impostos dos cidadãos, gastou cerca de três milhões de euros em remodelações, fica comprovado que Portugal é um País em que os políticos não possuem o mínimo sentido de Estado, não sabem governar e se estão "nas tintas" para o dinheiro público.
Os nossos governantes têm, por hábito, delapidar os impostos dos portugueses, sem qualquer preocupação de aplicar os recursos onde eles são necessários. Já nem falo nos gastos na remodelação de gabinetes, sempre que muda o titular da pasta, ou no excesso de viaturas ao serviço do Estado, nem em outras pequenas coisas que, multiplicadas por vezes sem conta, deixam o País mais pobre.
Talvez fosse bom reflectir nesta questão e pensar que não podemos escolher quem sabe gerir melhor a crise, mas quem pode mudar este estado coisas.


segunda-feira, 28 de junho de 2010

As selecções da mentira

As selecções da mentira - Argentina e Alemanha - vão medir forças nos quartos de final do campeonato do Mundo e saber qual delas possui maior influência junto da FIFA.
Esta entidade, pouco credível, já deveria ter sido colocada na ordem pelos governos de todos os países. E seria tão simples. A cada ameaça daquela gente, os critérios de licenciamento dos espectáculos desportivos, nomeadamente os internacionais, aumentariam. A melhor forma de os pôr na ordem é ir-lhes ao bolso. E obrigá-los a respeitar o Direito.

domingo, 27 de junho de 2010

A selecção de Madail/Queiroz até pode ganhar o campeonato do Mundo.

Para que não haja dúvidas, não sou um admirador de Carlos Queiroz, critiquei as opções, a forma de jogar e não possuo especial simpatia por alguns dos jogadores que representam a selecção de Madail/Queiroz. Colocada a coisa nos seus precisos termos, face ao quadro de selecções que passaram a fase inicial, a selecção de Madail/Queiroz tem condições para chegar à final e ganhar o campeonato do Mundo. Resta saber se os jogadores querem e se Queiroz é capaz de ultrapassar alguns dos seus atávicos receios, que o impedem de ser um grande treinador.

sábado, 26 de junho de 2010

Cada um tem o "Pulo de Lobo" que escolhe ou que merece.

Num fim-de-semana em que Mário Soares fez críticas violentas ao governo de Cavaco Silva e deu um forte contributo para a sua queda, o então primeiro-ministro, questionado sobre a intervenção de Mário Soares, declarou que não a conhecia, não se podendo pronunciar sobre a mesma, porque tinha passado esse fim-de-semana, recolhido, no Pulo do Lobo, no Alentejo profundo.
Na quinta-feira, Cavaco Silva, agora Presidente da República, fez uma intervenção duríssima contra o governo de José Sócrates que pode ajudar à sua queda. José Sócrates, quando lhe perguntaram o que pensava das palavras de Cavaco Silva, declarou que ainda não as tinha ouvido porque viera logo de manhã para o debate quinzenal da Assembleia da República.
Duas situações idênticas, dois posicionamentos idênticos, o que comprova que, para além de cada um ter o seu “pulo do lobo”, não existe novidade na vida política.

sábado, 19 de junho de 2010

O BES e a publicidade de mau gosto.

Eu gosto de publicidade, de boa publicidade, daquela que se traduz em criatividade e num espaço de imaginação.
O criativo publicitário merece todo o meu respeito e, por vezes, os espaços publicitários constituem o que de melhor se vê, ouve ou lê, nos meios da comunicação social.
Vem isto a propósito da publicidade do BES, com base no mundial da África do Sul. É incrível o mau gosto, a saloiice e a imbecilidade daquela publicidade.
Como é possível manter no ar um anúncio que só pode ser um sinal de que o BES trata os portugueses como "atrasados mentais". Eu, se fosse cliente daquele banco, já teria mudado.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Já não há homens como este!

Fernando Ulrich diz, em entrevista a publicar, amanhã, na Única, que só diz "o que quer, quando quer e porque quer". E está tudo dito.
Inviabilizou a OPA do BCP sobre o BPI, foi politicamente incorrecto sobre a situação financeira da banca e do Estado Português, quase que levou o BPI e o BCP ao tapete, mas mantém-se fiel aos princípios.
Homens como este já não há muitos, mesmo que a sua teimosia possa causar danos irreparáveis.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma comunicação social desportiva sem vergonha.

O jornal "A Bola" e o jornal "Record" citam o desportivo espanhol "Marca" e dão como certa a transferência de Di Maria para o Real Madrid. Inclusive, citando o conhecido jornal espanhol, muito próximo do Real Madrid, dizem qual o valor do vencimento do jogador. Acrescentam, que o presidente do SLB não desce a cláusula de rescisão e que se encontra em Madrid a negociar o jogador.
Misteriosamente, os jornais portugueses não citam o essencial da notícia da "Marca", ou seja, que o Real vai pagar 25 Kilos pelo jogador e não os 40 Kilos que o SLB pretendia.
A imprensa portuguesa, fiel ao SLB, pretende esconder que o Real apenas oferece 25 milhões, realçando a "bravata" do presidente do SLB. Esta é a imprensa desportiva que temos e esperam-se dias bem mais vergonhosos

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O pontapé na bola e a falta de carácter.

Confesso que não tinha intenção de trazer para este espaço questões relativas ao futebol, uma vez que a irracionalidade das paixões tolda qualquer análise objectiva.
No entanto, face ao que se passou, ultimamente, no âmbito da selecção nacional, não posso deixar de abordar duas questões.
Uma coisa é certa, não vou abordar as escolhas do seleccionador, apesar de discordar delas, assim como entendo que a escolha de Carlos Queiroz obedeceu a critérios que ultrapassam a lógica da gestão de qualquer entidade, mesmo da F.P.F.
A primeira tem a ver com o joador Nani. Das duas uma, ou está mesmo lesionado, ou não está, e estamos a incorrer numa mentira para justificar a sua substituição. Ao que acresce a afirmação do jogador, à chegada a Portugal.
A segunda tem a ver com Deco, que criticou, de forma coerente, as opções do selecccionador nacional.
Estas as questões que deveriam ser esclarecidas e que os meros desmentidos, no site da empresa que gere a carreira de Nani, ou no site da FPF, apenas vêm confirmar que Portugal, além de ter maus profissionais do pontapé na bola, possui um naipe de jogadores sem carácter. Por isso, não deveremos ir longe.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Europa do "nada"

Ramalho Eanes, nas comemorações da adesão à Uniâo Europeia disse que a "Europa era nada". Esta afirmação, de tão clara, não deixa margens para dúvidas do que pensa um ex-Presidente da República. E, possívelmente não o disse por mera "blague", mas por convicção ancorada nos acontecimentos destes últimos anos.

A Europa unida, por força da crise financeira, transformou-se numa Europa do salve-se quem puder. O que é problemático numa economia global e em que a Europa tem mais a perder do que a ganhar. Porque os Estados Unidos, apesar da crise, estão a contornar os problemas a a encetar a recuperação.

domingo, 13 de junho de 2010

A Igreja e as Presidenciais.

A Igreja está zangada com Cavaco Silva, por causa da promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Compreende-se esta zanga, mas não se compreende que pretenda, por isso, potenciar uma candidatura alternativa à de Cavaco Silva, se este decidir recandidatar-se.
Que exista uma candidatura de direita e conservador, por oposição à candidatura do actual Presidente, que foi, sempre, um homem de centro-esquerda, apesar de conservador, eu compreendo. Mas sem interferência da Igreja, que até deveria estar agradecida a Cavaco que, enquanto primeiro-ministro, concedeu o quarto canal à Igreja, em detrimento da proposta, muito mais consistente, do grupo liderado por Proença de Carvalho.
Santana Lopes, caso tal aconteça, já se disponibilizou, de forma ténue, a fazer o sacrifício. Até porque a questão da boa e da má moeda nunca ficou completamente esclarecida, mesmo com as “pazes” entre Manuela Ferreira Leite e Santana, que se traduziu na candidatura à Câmara de Lisboa e na não exclusão de alguns dos amigos de Santana das listas de deputados, contrariamente ao que sucedeu aos apoiantes de Passos Coelho.
O verão, após o regresso da selecção portuguesa de Moçambique, vai trazer algumas movimentações, mais não seja para ocupar páginas de jornais e aberturas de telejornais. Porque a realidade, essa, vai ser outra.

sábado, 12 de junho de 2010

A prova, a Constituição, a investigação e os julgamentos populares.

Os juízes que absolveram o ex-patrão da arbitragem e mais 15 arguidos por crimes de falsificação nas classificações dos árbitros arrasaram a prova pericial apresentada pelo Ministério Público. E classificaram como "desastrosa" parte da prova apresentada. Por estas e por outras, ou seja, por total incapacidade, na maior parte das vezes, em realizar uma investigação com elementos suficientes para conduzir a uma condenação, é que alguns agentes do Ministério Público, entre os quais Maria José Morgado, gostam tanto de condenações na praça pública, com o apoio de alguns jornalistas e de uma opinião pública que vive desta realidade virtual. A investigação, em Portugal, é feita ao sabor de "interesses" políticos, mediáticos, sem sustentabilidade. Na maior parte dos casos, não se parte da hipótese de alguém estar inocente, mas sim da forte convicção da sua culpabilidade, numa violação clara e inequívoca dos princípios constitucionais. O que não admira, porque muitos daqueles que assim actuam, não gostam da constituição e apenas a invocam em seu proveito. Porque a democracia é uma tumefacção burguesa que serve para proteger os poderosos, independentemente da verdade ou da mentira das acusações de que sejam alvo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mário Soares e a incompetência dos dirigentes europeus.

Mário Soares tem razão em dizer que os actuais líderes da Europa são medíocres. Infelizmente não são só os da Europa, pois veja-se o actual primeiro-ministro japonês, ex-responsável pela pasta das finanças que, mal chegou ao poder, anuncia uma catástrofe para a economia japonesa, como se ele não tivesse sido co-responsável. E, possivelmente, sendo a situação insustentável, talvez o alarmismo vise, apenas, justificar as medidas que se venham a tomar e obter crédito pela recuperação que se venha a fazer. Uma espécie de Vítor Constâncio quando “viciou” o défice do governo de Santana Lopes, para pré-justificar as medidas e a recuperação efectuada pelo governo socialista de José Sócrates.
Curiosamente, foi José Barroso, cuja competência deixa muito a desejar, que veio responder a Mário Soares, em nome dos dirigentes europeus.
Estou convencido que a Europa, com estes dirigentes, não vai longe e que, ou eles mudam, ou a Europa entra em convulsão. E, com um grau elevado de probabilidade, essa convulsão pode ser fatal para os cidadãos europeus que irão pagar caro a incompetência de quem exerce o poder na Europa. Mas não se podem queixar porque foram eles que, por acção ou omissão, os colocaram onde estão.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

"Este não é o tempo de querelas partidárias ou quezílias ideológicas", mas de "unidade nacional”

Está desfeito o tabu, Cavaco Silva vai ser candidato à Presidência, num projecto de “unidade nacional". O que quer que isto queira dizer!

terça-feira, 8 de junho de 2010

A pró-actividade do Presidente da República.

Primeiro o turismo, agora a desvalorização das sugestões de um comissário europeu. Cavaco Silva assume, cada vez mais, um protagonismo e uma interpretação presidencial da Constituição, que até aqui tinha sublimado.
As mais recentes intervenções do Presidente da República vão no sentido de uma acção pró-activa que contrasta com a inacção do governo num momento de crise.
Quais as consequências e os objectivos desta alteração de atitude só o tempo nos pode dizer, mas que marcam a campanha pré-eleitoral para as presidenciais, é um facto. Independentemente de, para mim, não ser certo que Cavaco Silva se vá recandidatar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Presidente da República, o Ministro da Economia, as férias dos portugueses, a cooperação estratégica e a criação de riqueza na hotelaria.

Cavaco Silva e Vieira da Silva têm, ambos, razão, quanto à sugestão para que os portugueses passem férias no nosso País.
O Presidente tem razão, porque, em primeiro lugar, se os portugueses não saírem, o dinheiro que possam gastar nas férias será gasto em Portugal.
Em segundo lugar, face ao endividamento dos portugueses, estes dificilmente poderão suportar os preços praticados na hotelaria portuguesa, bastante superiores aos que se praticam em outros países, pelo que, só lhes resta ficarem em casa, o que aumenta a poupança.
Vieira da Silva também tem razão, porque, se todos os países em dificuldades aconselharem os seus cidadãos a fazer férias no país de origem, a hotelaria portuguesa sofrerá um grave rombo por duas ordens de razão: primeiro porque não recebem os estrangeiros, que habitualmente têm maior poder de compra do que os nacionais, segundo, porque, face aos preços que praticam, também não recebem os nacionais, a não ser que façam promoções, o que reduz a sua margem de lucro.
Enfim, com esta cooperação estratégica de opiniões coincidentes a economia nacional vai longe. A hotelaria sairá da crise e os portugueses poderão aumentar a poupança.

domingo, 6 de junho de 2010

Uma sociedade em decadência.

Aumentam os anúncios na Net a dar alojamento grátis em troca de pequenos serviços a idosos. Os médicos geriatras estão preocupados com o risco que representa esta troca de favores. E eu, como cidadão, fico preocupado com a sociedade que criámos. Um sociedade desumanizada, sem valores, profundamente decadente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O privilégio dos funcionários da Assembleia da República e o corte da "gordura" do Estado.

A Administração do Parlamento discute hoje, sexta-feira, o pacote de redução de despesas. A despesa maior advém do suplemento salarial, criado em 1975, um suplemento de isenção de horário, correspondente a cerca de 80% do vencimento, o qual, hoje, apenas se aplica aos funcionários da Assembleia da República, uma vez que os funcionários dos Grupos Parlamentares passaram a ter outro esquema remuneratório.
Este suplemento, natural nos anos da "revolução" e das longas e intermináveis sessões parlamentares, deixou de ter qualquer sentido nos dias de hoje e apenas constitui um privilégio dos funcionários da Assembleia que auferem praticamente dois vencimentos mensais, não havendo a contrapartida das horas extra a que o mesmo corresponde.
Situações como esta não são comuns na administração pública, embora exista uma massa gorda de desperdício que poderia ser facilmente cortada.
Possivelmente com uma gestão mais racional das despesas correntes poderia ser evitado o agravamento dos impostos directos e indirectos. Seria suficiente bom senso e coragem. Que é aquilo que muitas vezes falta aos dirigentes políticos e da administração pública.