sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A WikiLeaks, a democracia e o crime de extorsão

Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique, negou hoje qualquer envolvimento com narcotráfico e classificou os documentos divulgados pelo portal WikiLeaks como "mentira grossa".
A divulgação de documentos, por esta organização, que tem disparado para todos os lados, deveria obrigar a uma reflexão sobre o "grande irmão" e as motivações que animam Assange e os seus seguidores.
Defendo, e sempre defenderei, que a liberdade de expressão e de informação é a trave mestra de uma democracia, mas também defendo que a democracia perde, e muito, com este tipo de informações, que não podem ser validadas.
De tudo o que tem acontecido, ultimamente, e que envolve a WikiLeaks, devemos reter duas coisas: em primeiro lugar a organização procedeu a uma angariação de fundos para custear a defesa do militar norte-americano que lhes entregou parte do material que foi divulgado, referente ao Afeganistão e Iraque, fundos esses que, até agora, ainda não foram entregues aos defensores do referido militar.
Em segundo lugar, os sites das empresas que patrocinavam a WikiLeaks, foram alvo de ataques cibernautas, de amigos da organização, depois de terem retirado esses apoios. Em termos práticos e de acordo com o artigo 223º do Código Penal Português, estamos perante um caso de extorsão: "quem, com intenção de conseguir para si ou para terceiros enriquecimento ilegítimo, constranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, a uma disposição patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem, prejuízo, é punido com pena de prisão até cinco anos".
Pode ser politicamente incorrecto, mas a organização utiliza a divulgação dos factos que conhece, não para defesa da democracia, mas para obter vantagens materiais, recorrendo a actos criminosos quando alguém se mete no seu caminho.
Para mim, mais não fosse, este tipo de organizações mafiosas deveria ter o tratamento normal, ou seja, o tratamento dado a qualquer criminoso. Porque os fins não justificam os meios e os fins últimos são os de encher os "bolsos", mascarando essa acção com a defesa da democracia.