sábado, 5 de setembro de 2009

A mudança de estratégia, a teoria da cabala e a vitimização

O Partido Socialista, ao fim de dois dias de ataque cerrado da oposição, deu corpo à estratégia de defesa que passa, para já, pela vitimização e, posteriormente, incidirá num ataque a todos os que alinharam naquilo que os socialistas querem transformar na nova tese da cabala.
Alguns jornais já deram voz às críticas à actuação do casal Moniz – e desde já esclareço que nunca gostei dos personagens, sendo útil lembrar que José Eduardo Moniz, no tempo de jornalista de “A Capital”, deu um enorme salto na carreira com o apoio do PS- acompanhando, nesta tese, Pais do Amaral que veio dizer que com ele o Jornal Nacional nunca existiria.
No essencial, José Sócrates vai clamar inocência, desresponsabilizar-se do saneamento de Moura Guedes, insinuando que a administração da PRISA pretendeu prejudicá-lo e favorecer Manuela Ferreira Leite.
Na mesma lógica, vai aproveitar o vazio informativo da peça que Manuela Moura Guedes editou, que não acrescentou nada de relevante ao que já se sabia do processo Freeport, colando-se às declarações do Director Nacional da Policia Judiciária, quanto ao papel do seu primo nesta “trama”.
Delineada a estratégia, montada a cena, vai subir ao palco, com pompa e circunstância, nos jornais e numa televisão perto de si.
Resta saber aquilo que se torna essencial neste tempo mediático, que é voraz e que não se compadece com improvisos ou alterações de última hora ao guião: se José Sócrates ainda vai a tempo de impedir a derrota no dia 27 de Setembro.
De qualquer modo, e por uma questão de princípio, admito que as minhas crónicas, em que considerava que José Sócrates já perdera as eleições, podem não corresponder a esta nova realidade e à reformulação da estratégia socialista.
Por último, uma verdade de La Palisse, quem quer que ganhe não vai ter vida fácil e será confrontado com uma oposição muito crítica e com um movimento das corporações que, cruzado com as acções da oposição, determinará fortes convulsões sociais.
Portugal, trinta e cinco anos depois do 25 de Abril, continua um maravilhoso laboratório político que tanto encantou Maurice Duverger.