Pedro Santana Lopes, na entrevista ao DN, disse que o PSD: "Está com a liderança indefinida, tem um governo quase em gestão, que o é o da dr.ª Manuela Ferreira Leite. Tem uma série de outros grupos políticos, que ainda não derrubaram a actual liderança mas preparam-se para o momento em que caia… A questão é que se o PSD quer mudar o País deve começar por se mudar a si próprio. Actualmente é uma federação de grupos que se detestam".
Que grande novidade, equivalente à descoberta da roda. Sem esta descoberta, ou sem que a mesma fosse proclamada pelo ex-líder, os militantes ainda não se tinham apercebido desta realidade.
E que estranho, só agora, depois de um concubinato espúrio com Manuela Ferreira Leite e com uma liderança que estava a arrastar o PSD para a derrota mesmo perante um Partido Socialista fragilizado e um primeiro-ministro encostado às cordas, é que Santana Lopes chega a esta conclusão.
Compreende-se que era essencial o apoio da liderança para a candidatura de PSL à Câmara de Lisboa. Compreende-se que a má moeda teria de dar alguma coisa à boa moeda, como troca. E compreende-se o apelo a um Congresso Extraordinário, para tentar impedir a ruptura necessária no PSD e o afastamento de todos os responsáveis pelo estado a que o partido chegou e que se encontram agarrados ao poder - exercendo-o de uma forma aberrante e violadora de todas as regras democráticas.
Mas a grande questão que impele Santana Lopes para este combate, não se importando de dar e receber o apoio dos cavaquistas, é a forte possibilidade de Passos Coelho ganhar o partido.
É esta a verdadeira motivação de Santana Lopes, não suportar a ideia de Passos Coelho sair vencedor das directas e, eventualmente, ganhar as eleições a José Sócrates.
Na verdade, como o próprio reconhece, o PSD é uma federação de grupos que se detestam e ele detesta Passos Coelho.