terça-feira, 14 de setembro de 2010

Em nome da Justiça

O ex-Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues, dizia que não era a justiça que estava em crise, mas sim a sociedade. Concordo, plenamente, com esta ideia, uma vez que a sociedade portuguesa desceu ao patamar zero da vida em colectividade, desde a vertente social à económica, passando pelo ensino e pela cultura.
O baixo nível da programação televisiva, é um dos exemplos que comprovam esta asserção, como resulta da análise dos programas com maior audiência e, ainda ontem, tivemos quatro canais, sendo um deles público, a discutir o despedimento de Carlos Queiroz, num quadro em que os despedimentos de trabalhadores que auferem os salário mínimo é uma realidade recorrente.
As escolas estão no estado lastimável, que todos sabemos, com mau aproveitamento escolar e com um manifesto desrespeito pela função do professor.
De cultura é melhor não falar, uma vez que a iletracia reinante afasta a generalidade da população afastada da leitura e dos eventos culturais.
Salvava-se, segundo Cunha Rodrigues, a Justiça, que ainda era o sector que mantinha a consistência, neste quadro de derrocada social.
Os tribunais eram respeitados, os juízes também e os portugueses acreditavam que, o bastião seria impugnável.
Os últimos tempos arrastaram a justiça para o epicentro da crise, com sondagens, que valem o que valem, a colocar a Justiça abaixo dos políticos.
O que está em crise, por mais voltas que se dê para o negar, é a, aparente, credibilidade da justiça, perante a incapacidade de resposta, em tempo útil, de alguns casos de relevância social, deixando os cidadãos apreensivos, ainda para mais num tempo mediatizado, on-line, em tempo real.
Neste quadro de incertezas, seria bom, para o retomar da justiça, como referencial de segurança, que todas estas situações fossem rapidamente esclarecidas. A justiça é a última das garantias do Estado de Direito.