segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O PSD, as eleições para a Concelhia de Lisboa, o lado lunar, a credibilidade e o Paleolítico.

O PSD profundo, aquele que o povo eleitor português desconhece, vai a votos na Concelhia de Lisboa. Este simples acto, interno, que poderia parecer irrelevante, torna-se simbólico da realidade do PSD e dá-nos um sinal do que será o futuro.
De acordo com as notícias, estão na corrida dois candidatos: um candidato fora do “sistema” e um candidato do “sistema”.
Até aqui tudo “normal”, uma vez que, enquanto não se regenerar a política, as escolhas dos candidatos internos dos partidos estarão, sempre, condicionadas, pela inscrição de militantes fantasmas – alguns dos quais que nem sabem o que é o partido ou que nunca aparecem, a não ser para votar no candidato que lhes paga as quotas e que os favoreceu em qualquer coisa - e nas “negociatas” para o preenchimento de potenciais lugares como deputados, vereadores ou membros da administração de empresas públicas.
No caso concreto das eleições para a Concelhia de Lisboa do PSD, um dos candidatos, ou melhor, o candidato do “sistema” é um conhecido carreirista que, ao longo da sua vida partidária, tem sido hábil em reunir todos os pressupostos acima enunciados para se manter no poder ou colaborar para que outros o alcancem e ele beneficie, directa ou indirectamente, dessas vitórias.
Com isto chegou a vereador da Câmara de Lisboa, quase que chegou a deputado e tem “saltitado” entre candidatos à Distrital e à direcção do partido, com a velocidade de um meteorito e com a convicção de um inimputável.
É esta “figura lunar” que quer dirigir a Concelhia de Lisboa, com o apoio de Paula Teixeira da Cruz – o que lamento pela estima e amizade que lhe tenho – com o apoio de Nogueira Leite – onde está a frontalidade, a transparência e a verticalidade de um dos potenciais ministros de um hipotético governo do PSD? - e com o apoio de Vasco Rato – que eu pensava que fosse um homem inteligente.
O mais grave de tudo é que, porque as facturas pagam-se e ele sempre as apresentou, terá ao seu lado a direcção do partido, direcção esta que se quer assumir como alternativa ao governo socialista e que pretende ser levada a sério pelos portugueses, pelos empresários e pela comunidade internacional.
Mas como é que a direcção do PSD pode dizer que é credível, que tem ideias, que tem projectos e que pensa Portugal ou que tem uma ideia de Estado para Portugal, e apoiar, simultaneamente, um individuo daqueles para liderar uma das Concelhias mais importantes do País?
Este poderia ser um momento de clarificação, um momento em que a direcção do PSD desse um sinal para o exterior que quer mudar o sistema político, que quer acabar com o carreirismo, com os compadrios, com a incompetência, com o lado mais negro da política.
O silêncio, a omissão, o colaboracionismo com este símbolo de um passado que vai mudar, a bem ou a mal, representa a fraqueza de um líder e a incapacidade de um partido para ser credível.
Ouçam os ventos do Norte de África, ouçam os ventos da mudança no Mundo, entendam que este tempo está prestes a acabar. Ouçam, também, o que disse Marcelo Rebelo de Sousa sobre a vetustez da nossa classe política, que se encontra no período Paleolítico, quando o Mundo já chegou ao Século XXI.