quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Incêndios, factos e propostas de prevenção e combate

Falar de incêndios, num tempo em que já faleceram alguns bombeiros, na defesa do nosso património colectivo, deve obedecer a um critério objectivo e daí partir para algumas sugestões, de entre as quais algumas que são, por demais, evidentes.
Primeiro vamos aos factos: A base de dados nacional de incêndios florestais contabiliza entre Janeiro e Julho de 2010 um total de 8.753 ocorrências (1.390 incêndios florestais e 7.363 fogachos) que resultaram numa área ardida total de 19.346ha, entre povoamentos (7.919ha) e matos (11.428ha).
A onda de calor que se fez sentir essencialmente na última semana de Julho contribuiu para o acréscimo de área ardida registado, muito embora os valores se mantenham bem abaixo da média dos últimos anos.
Analisando o histórico, entre 2000 e 2010, do total de ocorrências e área ardida, até 31 de Julho, verifica-se que no presente ano os valores do número de ocorrências são inferiores aos registados nos anos anteriores, à excepção de 2007 e 2008. O número de ocorrências registado em 2010 representa 76% da média do decénio (-2.779 ocorrências) e o total de área ardida, para o mesmo período, aproximadamente 40% da média dos 10 anos anteriores (-29.638ha).
Dados os números, oficiais, e que podem ser sujeitos ao contraditório, vamos arriscar sugestões para a prevenção de incêndios: a limpeza, obrigatória, das florestas, públicas e privadas, com recurso às forças armadas, ao voluntariado, aos presos, ao trabalho comunitário. E não faço distinção entre públicas e privadas, porque a floresta é um património de todos os nós, independentemente da titularidade jurídica das mesmas.
Outra acção de prevenção, fundamental, passa pelo reordenamento, sério, objectivo, sem concessões às pressões de ninguém, da floresta e a uma reflorestação própria de cada zona e potencialmente desmotivadora de actos incendiários.
No plano legislativo, já existem medidas de carência quanto à edificação em áreas ardidas. Mas, apesar de muitas vezes esta ser uma das capas para justificar actos incendiários, talvez não passe disso mesmo, além de ser apenas necessário cumprir a lei.
Outra das medidas, essencial, para a prevenção e para o combate aos incêndios, passa pela racionalização, gestão e coordenação dos meios ao dispor das corporações de bombeiros e pela aquisição pelo Estado de aviões e helicópteros, para combate aos incêndios, dando horas de voo aos pilotos da força aérea, acabando com a despesa, brutal, do aluguer, a privados, desses meios.
E com a vantagem de os meios, sob a direcção de comando da força aérea em colaboração com a estrutura de protecção civil, poderem ser muito mais eficientes.