quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um novo conceito para a corrupção a trinta e seis dias das eleições

Geralmente não concordo, nem discordo, verdade se diga, com Pedro Ferraz da Costa, um gestor cuja intervenção política tem por tradição ser inócua ou politicamente ajustada.
Desta vez, porém, na minha opinião, que vale o que vale, Ferraz da Costa fez uma afirmação que merece uma cuidada ponderação.
Na verdade a declaração de que Portugal “não tem dimensão para que se roube tanto”, além de correlacionar a corrupção com a dimensão geográfica de um País, -o que revela uma singular profundidade de análise filosófica -, abre o caminho a premissas que passam pela criação de um índice de corrupção por metro quadrado de território ou por milhão habitante, a outras que permitam a corrupção desde que não seja visível, ou ainda a possibilidade do conceito “seja corrupto desde que tenha território para isso”. Enfim, deixo ao vosso critério, porque são pessoas inteligentes, a imaginação das possíveis conjugações resultantes desta afirmação.
O mais grave de tudo isto, que vem na sequência de anteriores acusações – não consubstanciadas – que Pedro Ferraz da Costa fez sobre a adjudicação de obras públicas – é a falta de coragem para chamar os “bois pelos nomes” e dizer quem recebe e quem paga. Não por um mero e inqualificável acto de “bufaria”, mas no respeito pela verdade republicana.
Eu sei que o conceito de verdade republicano não se ajusta a este ex-líder da associação patronal, mas convenhamos que lançar a pedra e esconder a mão não fica bem a uma pessoa com as suas responsabilidades sociais.
Além do mais, caso Ferraz da Costa não saiba, a corrupção é um crime, que não prevê um conceito de territorialidade.
Tudo isto justificaria a criação de um imposto único sobre a imbecilidade para pessoas com responsabilidades sociais.