quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Má ficção a trinta e sete dias das eleições

Uns dias fora e no regresso uma ficção de combate político, misto “teoria da conspiração” inspirada no “watergate”, numa produção bem portuguesa, sem orçamento, pequenina e com falta de qualidade.
Como ainda não li muito sobre o tema, levanto algumas questões, sob o perigo de repetir o que outros disseram, e que têm a ver com a operacionalidade da coisa: as “escutas” foram efectuadas pelos Serviços de Informações e Segurança da República, por “detectives amadores”, por especialistas “estrangeiros” ao serviço do Partido Socialista ou por agentes reformados da STASI?
Da resposta a estas questões poderemos, então, avançar com o tema, escaldante e interessante para o futuro da democracia portuguesa: quem espia quem? seremos, ou não, todos espiados? O George Orwell, se calhar, até tinha razão e só não percebo como é que, ainda, não foi citado nesta estória “revisteira”.
Outra questão tem a ver com o “acéfalo” que fez transpirar (sim porque foi um acto de transpiração e não de inspiração), sem qualquer prova, para a comunicação social, esta “notícia de verão”. Será que a ideia foi a de causar embaraço ao Partido Socialista? Ou a de causar embaraço ao Presidente da República? Ou a de colocar umas pedras na possibilidade de Manuela Ferreira Leite vencer as eleições (parece que não chegava o Moita Flores vir dar apoio a José Sócrates)?
Mas se as "escutas" foram efectuadas pelo SISR, quem deu as ordens?
E se foram efectuadas por privados (numa clara prova da capacidade da iniciativa privada) quem contratualizou o serviço? Foi apresentado orçamento? E houve derrapagem ou foi a custos controlados?
Enfim, tudo isto é de uma tristeza confrangedora, comprovativa da fraca qualidade de alguns dos actores políticos, indivíduos sem qualidade intelectual, sem ideias e sem princípios.
E faltam trinta e sete dias para as eleições.