quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um almoço com rações de guerra.

As sondagens valem o que valem, e não é por o PSD estar à frente do PS, na sondagem a publicar amanhã no Diário Económico, que mudo esta opinião.
As sondagens não ganham eleições, devendo constituir um elemento de trabalho para que os partidos afinem as suas estratégias.
No caso concreto, esta mudança de liderança, nas sondagens, vem comprovar duas coisas: que a mudança fez bem ao PSD e que o PS e José Sócrates estão, manifestamente, a ser afectados pela crise económica e social.
Se bem que parte da crise seja consequência da conjuntura externa, a verdade é que o governo “meteu a cabeça na areia”, e fez uma avaliação errada da nossa situação interna.
Para além disso, o nosso défice é estrutural e o País não cresce há mais de vinte anos, ou seja, não temos um modelo económico que permita criar riqueza.
Sem capacidade para criar riqueza, sem grupos económicos industriais fortes, sem uma definição estratégica quanto aos sectores que poderiam ser as alavancas do desenvolvimento, os governos limitaram-se a “fingir” que investiam na formação, delapidando milhões de euros, aproveitaram mal o dinheiro para as infra-estruturas e o País ficou mais pobre, e pior, pensou que era rico e assumiu comportamentos de rico.
Agora, mesmo que o governo caia ou abandone as funções, quem vier a seguir não vai ter uma tarefa fácil. Por isso, a inversão da tendência de voto, mais do que lançar a euforia entre os militantes do PSD, deveria obrigá-los a pensar que há muito trabalho pela frente e que o poder não vai ser um “almoço de convívio”, mas sim um almoço servido com rações de guerra.