sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passos Coelho, o vale tudo, a ética e o disparate.

Passos Coelho, ontem, lançou duas novidades na campanha eleitoral: a possibilidade de um novo referendo à lei da interrupção voluntária da gravidez e o concurso lançado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
O primeiro tema nem merece que se perca muito tempo com ele, não passando de uma "boutade" de quem quer e precisa de factores de distracção para dar nas vistas.
O segundo é bem mais grave e demonstra a total incapacidade e desconhecimento da governação, a par da ausência de ética na pugna eleitoral.
O concurso, como lhe explicou Vasco Franco, é idêntico a outros abertos por governos de Cavaco Silva, de Durão Barroso e Santana Lopes, foi público, tendo apenas concorrido a Universidade Católica, destinando-se a recuperar os milhares de processos de contra-ordenação que podem trazer para os cofres do Estado milhões de euros e sancionar a violação das normas estradais.
Este um primeiro ponto em análise. Será que Passos Coelho sabia que a adjudicação tinha sido efectuada à Universidade Católica? Ou pretendeu afrontar esta insituição, cujas sondagens não têm sido muito favoráveis ao PSD? Ou  ficou melindrado porque a adjudicação não foi feita, directamente, a um dos escritórios de advogados dos seus amigos e apoiantes?
A outra questão diz respeito ao total desconhecimento da matéria. Estão pendentes na ANSR milhares de contra-ordenações que podem prescrever se não lhes for dado impulso processual. Aquela entidade não possui um corpo de juristas que dê resposta a todas estas contra-ordenações. Se prescreverem, os infractores não são sancionados e o Estado perde milhões de euros. Isto, mesmo para um leigo, é claro. Infelizmente, quem pretende ser primeiro-ministro, mal aconselhado ou sem assessores à altura, questionou o que deveria saber. Caso fosse intelectualmente sério e não estivesse a viver para o dia a dia das sondagens, tinha a obrigação de pedir desculpa ao governo e à Universidade Católica.