domingo, 29 de maio de 2011

Um discurso de ódio, quando se pede ideias para Portugal.

Ontem, Manuela Ferreira Leite deu o seu contributo para a campanha do PSD. E disse claramente ao que vinha, não queria discutir propostas, ideias, nem defender a capacidade e as virtudes de Passos Coelho como eventual primeiro-ministro. Queria apenas, num discurso lamentavelmente carregado de ódio, dizer que quer ver Sócrates longe da política activa. Ponto. 
Todos sabemos que Ferreira Leite não possui ideias para Portugal, não sabe o que quer, não projecta um ideal de esperança, de desenvolvimento e crescimento económico, apenas vê Portugal como uma mercearia onde pode exercer a sua missão.
Também sabemos que Passos Coelho a considerou a pior ministra da educação que passou pelos governos de Portugal e que foi responsável pelo descalabro do défice no governo de Durão Barroso. E, todos sabemos, que foi derrotada por Sócrates, quando se pensava que a vitória eram "favas contadas" e Passos Coelho lhe exigia a vitória com maioria absoluta.
Por isso se estranha como é que pessoas como ela ainda se dão ao luxo de dizer o que quer que seja sobre quem quer que seja.
Sócrates e o o governo são responsáveis pelo estado do País? Certamente que contribuíram com erros de análise, políticas incorrectas, facilitismo quanto ao conceito de Estado Social, descontrolo na gestão das escolas, para a situação em que nos encontramos.
Mas, a verdade é que desde há muito tempo, direi mesmo que desde há trinta e seis anos, que não existe um projecto para Portugal, nenhum estadista se afirmou como factor, efectivo, de mudança e de desenvolvimento do nosso País, antes temos vivido de ciclo eleitoral em ciclo eleitoral, com os partidos apenas preocupados em não perder o poder.
Esta é a mudança, que é fundamental efectuar, ou seja, termos um projecto, uma ideia, um objectivo de desenvolvimento social e económico que permita mais fraternidade, mais igualdade de oportunidades e mais solidariedade - um conceito que vai para além da ideia de Estado Social.
Quem ganhar as eleições está confrontado com um programa pré-definido pelo acordo com as instâncias internacionais e com uma crise europeia e mundial da qual não se vê perspectivas de sair, enquanto os dirigentes europeus e o mundo da finança não compreenderem que o modelo de desenvolvimento económico tem de ser outro, não assente na especulação financeira e nos mercados desregulados. 
O dia 5 de Junho é importante, mas o dia 6 de Junho ainda será mais importante porque ficaremos a saber, ou não, como vamos, ou não vamos, sair desta crise.