sexta-feira, 17 de abril de 2009

À deriva

O Partido Socialista encontra-se a atravessar uma profunda crise de identidade e de convicções, face à iminência de uma derrota no ciclo eleitoral que se aproxima.
A tentativa de orquestrar uma vaga de fundo, por uma coligação de esquerda em Lisboa, e escancarar as portas para uma coligação, disfarçada, mitigada ou envergonhada com o Bloco de Esquerda, engolindo o sapo " Francisco Louça", são os sinais dessa desorientação.
Os socialista agarram-se a tudo, em desespero, como um náufrago à deriva no imenso mar revolto.
O piscar de olho ao Bloco é a posição que menos me admirou, uma vez que estava convencido que António Costa tinha a coragem política suficiente para enfrentar Pedro Santana Lopes, sem "muletas", mas é a eventual aliança de governo que pode ser mais devastadora para José Sócrates. Em primeiro lugar, porque Francisco Louça, embora esteja sequioso de exercer o poder, não é como o Zé de Lisboa, que António Costa "opou" com a maior das facilidades. Em segundo lugar, admitir que o Bloco pode ser governo retira espaço e fundamento para afastar os eleitores indecisos de esquerda para votarem no Bloco de Esquerda. Pois, se os socialistas admitem coligar-se, não existe o "papão" e o voto na Bloco não é um voto perdido, mas um voto de afirmação.
De deriva em deriva, ao governo só resta que o tempo eleitoral venha rápido e que um milagre aconteça na economia. Senão, lá se vão as obras de regime.