domingo, 13 de março de 2011

Muammar Kadhafi, a "tenda", os líderes europeus e norte-americanos e a incapacidade para entender o Mundo Árabe.

Muammar Kadhafi e as tropas que lhe são fiéis vão, a pouco e pouco, retomando o controlo do poder na Líbia.
É um facto que Kadhafi é um ditador e que o regime líbio não respeita os direitos humanos, na concepção europeia. Mas não os respeita há dezenas de anos e, no entanto, todos os dirigentes europeus foram à "tenda" e negociaram com ele o petróleo e as armas.
Deslumbrados pela "revolução do jasmim" no Egito e na Tunísia, sem compreenderem as diferenças, sequiosos do petróleo e com a consciência - se a tiverem - pesada pelos negócios com o líder líbio, com o apoio da Liga Árabe que é parte interessada na coisa e que quer, fundamentalmente, que tudo mude para que tudo fique na mesma, decretaram o fim do regime e de Kadhafi.
Era mais do que evidente, para qualquer observador, que a "revolução" não tinha possibilidade de triunfar, a não ser que o exército mudasse de campo e que, sem esse apoio fracassaria.
Tudo indica que o fracaso é inevitável, apesar de eu acreditar que estamos no início de uma nova era no Mundo Árabe.
Depois do falhanço, anunciado, os líderes europeus andam desorientados, sem saber como descalçar a bota.
Porque a "política real" vai sobrepor-se a estas declarações de circunstância, às declarações para impressionar a população árabe que vive nos seus países, os europeus e os norte-americanos não sabem como sair desta embrulhada, em que se meteram, por manifesta incapacidade de análise.
Até porque, directa ou indirectamente irão continuar a precisar de comprar petróleo à Líbia e a vender armas para o coronel Kadhafi. Não tardará muito para os ver, de novo, a ir à "tenda" prestar vassalagem a Kadhafi.