segunda-feira, 7 de março de 2011

A ruptura de Portas com Passos Coelho.

No entusiasmo e na vertigem das sondagens que davam a possibilidade de uma maioria ao PSD e ao CDS, o líder deste partido lançou-se nos braços de Passos Coelho com uma proposta de casamento, com convenção ante-nupcial, que definia, à partida, a partilha de lugares, de ministros, de motoristas e de cargos no aparelho do Estado.
O PSD fingiu que não percebeu a proposta, porque ambicionava a maioria absoluta e, depois, logo se veria as vantagens de um casamento e se o mesmo seria por amor ou por interesse. Como, dificílmente, o casamento entre o PSD e o CDS seria de amor, só poderia ser de interesse e esse teria de dar vantagem ao partido que menos precisasse da coligação.
Entretanto as sondagens, os ventos e a "guerra civil" que se instalou no PSD, como lhe chamou Vasco Pulido Valente, transformaram um hipotético casamento num divórcio anunciado.
A confirmação d0 divórcio, surgiu ontem, em forma de arrufo de namorados, com Paulo Portas a colar o PSD ao PS no negócio do TGV.
É evidente que, num País em que os políticos não possuem, na sua generalidade, carácter ou coluna vertebral, este arrufo, amanhã, se as condições mudarem, transforma-se em nova declaração de amor e, se necessário, na concordância com a necessidade de construção o TGV, com o CDS todo empenhado e explicando as vantagens de um negócio que, agora, considera ruinoso para o País.
Mas, fundamentalmente, o que está em questão, é que Paulo Portas percebeu que Passos Coelho e a sua equipa começam a perder o "estado de graça" e que não vão lá. Por isso recomeçou a pescar no eleitorado da direita, para evitar os danos colaterais do voto útil. Enquanto isso, o PCP aguenta, à esquerda, a hemorragia que lhe foi causada pelo Bloco e o PS mantém a esperança de sobreviver até que venham melhores dias.