quarta-feira, 23 de março de 2011

O PSD, ao escolher Manuela Ferreira Leite para o debate de hoje, actua como um partido de vingança e sem ética.

Manuela Ferreira Leite vai representar a bancada social-democrata na apresentação da fundamentação para “chumbar” o PRC 4.
Esta escolha revela ao estado de “tropa fandanga…” a que chegou o PSD e a sua actual liderança.
Ferreira Leite foi escolhida como acto de vingança mesquinha contra José Sócrates e para ajustar contas com quem lhe ganhou as eleições, erguendo a bandeira da “economista bacteriologicamente pura”, desresponsabilizando-se de erros passados.
Ora, não é preciso ir muito longe ao baú da memória para recordar as “habilidades” da ministra das finanças do governo de coligação PSD/CDS.
Recordemos: para reduzir o défice efectuou a transferência do Fundo de Pensões dos CTT para a Caixa Geral de Aposentações e contabilizou nesse anos o perdão fiscal que transitou do ano anterior
Com a transferência do Fundo de Pensões dos CTT para a CGA o Executivo arrecadou cerca de 1,3 mil milhões de euros. E com o perdão fiscal amealhou mais 197 milhões de euros. Ao todo, somando estas verbas com o montante pago pelo Citigroup, as receitas angariadas com medidas excepcionais totalizaram cerca de 3,3 mil milhões de euros.
Segundo o Banco de Portugal, as receitas extraordinárias contaram 2,5 por cento para baixar o défice das contas públicas, em 2003. Por isso, sem estas receitas extraordinárias, o Banco de Portugal considerou, então, que o défice das contas públicas teria sido de 5,3 por cento.
Já em 2002, o Governo PSD/CDS-PP recorrera a receitas extraordinárias para combater o défice orçamental: o perdão fiscal gerou 1,16 mil milhões de euros, a venda da rede fixa da PT 365 milhões de euros e as portagens da Brisa 288 milhões de euros, negócios ruinosos e que apenas visaram salvar o défice.
Mas, por falar em “habilidades” voltemos ao negócio com o Citigroup, a quem Ferreira Leite vendeu as supostas dívidas fiscais (muitas delas sem qualquer viabilidade de serem recebidas e outras já prescritas, factos que eram do conhecimento de Manuela Ferreira Leite), pois verificou-se que cerca de 33% desses créditos não eram cobráveis, tendo o Estado sido obrigado, dos 11, 44 mil milhões de euros cedidos ao Citigroup em 2003, a ceder mais de 3,74 mil milhões para substituição dos não cobráveis. Ou seja, por força desta operação ruinosa, o Estado cedeu ao Citigroup um montante total de créditos de cerca de 15,2 mil milhões de euros.
É, pois, esta a Deputada que, em nome da competência, da transparência, da firmeza, do rigor, vai representar o PSD no debate de hoje. Por mim estou esclarecido.