domingo, 25 de janeiro de 2009

Filhos e enteados

Três dos maiores bancos portugueses deram condições extraordinárias a Joe Berardo para honrar os seus compromissos, derivados do financiamento, por essas mesmas instituições, de um valor que se estima em mil milhões de euros para especulação bolsista.

Compreende-se a posição dos bancos, mas também seria legítimo que os accionistas exigissem a demissão dos responsáveis que autorizaram as operações sem cobertura de garantias, a não ser as próprias acções que o conhecido especulador financeiro adquiriu.

Depois de ter beneficiado de um negócio altamente lucrativo para ele e muito mau para o Estado - a famosa colecção Berardo, cuja titularidade seria útil que se apurasse - , o Comendador volta a gozar de um estado de graça que não é tradicional nas nossas instituições bancárias.

Duas coisas seriam fundamentais para assegurar que o nosso sistema bancário é sólido e transparente: a demissão dos administradores que viabilizaram os financiamentos e a regulação dos empréstimos para aquisição de acções em bolsa.

A vocação da banca é fazer dinheiro, mas também o pode fazer apostando em sectores produtivos do nosso tecido económico. Se eles existirem, claro.