quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pensar é preciso, analisar é essencial

Em Março de 2008 fiz um texto, onde analisava a situação do PSD, que o Expresso recusou publicar por "falta de espaço" . Dele dei conhecimento a Pacheco Pereira e a Paula Teixeira da Cruz. Por entender neste momento ser pertinente, coloco-o em discussão pública.
Aqui fica:

"É o PSD a alternativa? Este PSD? Ou terá razão António Barreto quando afirma que “o PSD chegou ao fim”, que se encontra “esgotado”.
A verdade, nua e crua, é que o sistema político-partidário nascido com o 25 de Abril está esgotado.
Já não é o maravilhoso laboratório de análise política que fascinou Maurice Duverger, entre outros.
Trinta anos de democracia, construída a partir de um golpe militar, com a criação de partidos sem uma base ideológica forte, mas em função da necessidade de responder à existência de dois partidos de esquerda já constituídos, o PCP e o PS, levou, inevitavelmente, a esta situação.

É um facto que o PSD tem um ADN próprio, uma idiossincrasia específica, fruto do pensamento liberal, democrático e personalista que vinha da Ala Liberal do regime, que não possuía, na sua constituição, um “corpus ideológico” estruturado, mas antes plasmou, num texto pragmático, um programa político, num quadro de sobrevivência imposto pelo período revolucionário.

Cavaco Silva quando avançou na Figueira da Foz, -lo porque não podia pensar na hipótese de ver os filhos crescerem num País como o nosso, ou seja, no estado a que tínhamos chegado.
Este pode ser um ponto de partida para a construção de um projecto que renove o PSD.
Que País quer o PSD? Qual o papel do Estado? Quais as propostas para a educação, a economia, a segurança? Que politicas sociais? Que modelo de desenvolvimento, mesmo tendo em consideração a União Europeia e a globalização?

Chegados aqui, importa perguntar para onde vai o PSD? Sem querer plagiar José Régio, os militantes do PSD podem dizer “sei que não vamos por aí”. Mas onde é o “aí” e onde querem chegar?
Esta é a encruzilhada com que, mais dia menos dia, os militantes do PSD terão de se confrontar."

A análise crítica de Marcelo Rebelo de Sousa desencadeou uma reacção negativa das estruturas do PSD, que se recusam a discutir o futuro dos sociais-democratas. Também concordo que o PSD chegou a um ponto de não retorno.
Agora tudo depende da capacidade de resposta que a actual liderança tenha para sair desta aparente autofagia.
O PSD ou tem futuro ou esgota-se nos próximos actos eleitorais