segunda-feira, 16 de março de 2009

A história, por vezes, tem coincidências

Em 1993, no auge do ataque de Mário Soares à maioria do PSD e à governação de Cavaco Silva, no fim-de-semana em que o então Presidente da República lançava o congresso "Portugal, que futuro", o primeiro-ministro recolheu-se ao Pulo do Lobo, no Alentejo profundo.
Quando voltou, Cavaco Silva nada sabia do que se passara nesse fim-de-semana, não ouvira as violentas críticas de um dos vectores das forças de bloqueio e, como tal, não se podia pronunciar sobre as mesmas.
Passados dezasseis anos, no fim-de-semana que levou à rua a maior manifestação promovida pela CGTP contra o Governo, José Sócrates estava em Cabo Verde a tratar do reforço das relações entre Portugal e aquele país, que é um dos maiores importadores dos produtos portugueses.
Após a recepção a José Eduardo dos Santos e do reforço das relações entre Angola e Portugal, o primeiro-ministro desvaloriza a manifestação contra o Governo e coloca a tónica no reforço das relações com os países de expressão portuguesa e no alargamento e fortalecimento da vertente económica.
Em qualquer das situações, na de 1993 e na 2009, a motivação comportamental é a mesma, desvalorizar as críticas e os movimentos internos de contestação.
O resultado da opção de 1993 já é conhecido, o PSD foi derrotado nas eleições legislativas e Cavaco Silva perdeu as presidenciais para Jorge Sampaio.
Lá para Outubro iremos ver se o autismo é bom conselheiro para José Sócrates e se os eleitores concordam com a relativização da contestação à governação socialista. Ou se o reforço das relações com os países de expressão portuguesa contribui para o atenuar da crise económico e do desemprego.